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EVANGÉLICOS: FUSÃO OU CONFUSÃO? - Alguns olhares sob análise

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Mensagem por Admin Qua Jun 29, 2011 7:22 pm



EVANGÉLICOS: FUSÃO OU CONFUSÃO? - Alguns olhares sob análise Oh06dj
"… só o escrito me faz existir nomeando-me".

Jacques Derrida



Moisés Peixoto*

Introdução


Evangélico é um termo, quer estando no singular ou no plural, no feminino ou no masculino está se tornando muito popular e até familiar hoje em dia. Quando se quer pôr todas as diferentes confissões cristãs, com exceção da Igreja Católica Apostólica Romana, num saco só como se todas fosse absolutamente a mesma coisa ou, com uma palavra só, querer abranger todas essas igrejas, o termo mais usado pelas pessoas ou meios de comunicação é "evangélico". Muitos são os lugares onde ele aparece citado. É nas inúmeras reportagens de revistas semanais, nos jornais de grande ou de pequena circulação, nos telejornais e nas pesquisas acadêmicas. Entre estas, a título de exemplo, existe a do sociólogo Ricardo Mariano que, genericamente chega a dizer que: "o termo evangélico, na América Latina, recobre o campo religioso formado pelas denominações cristãs nascidas na e descendentes da Reforma Protestantes européias do século XVI. Designa tanto as igrejas protestantes históricas (Luterana, Presbiteriana, Congregacional, Anglicana, Metodista e Batista) como as pentecostais (Congregação Cristã no Brasil, Assembléia de Deus, Evangelho Quadrangular, Brasil para Cristo, Deus é Amor, Casa da Benção, Universal do Reino de Deus etc.)" (1999:10). O fato é que o vocábulo "evangélico" é hoje de domínio público. Não há quem não o tenha ouvido ou lido por aí, mesmo que, se perguntados, não saibam defini-la com precisão. A proposta deste artigo é o de dialogar com alguns autores acerca disso que denominam de "evangélicos"; dialogando principalmente com alguns fragmentos do texto: "A força do Senhor" que foi publicada na revista Veja, edição 1758, ano 35- nº26 de 03 de julho de 2002 da editora Abril, da página 88 a 95.



1. Evangélicos, uma invenção recente.



Evangélico é uma invenção recente, moderna, cuja relação com o mítico cristianismo do primeiro século, não passa de uma ficção oriunda dessa outra ficção. Quando um evangélico se reporta aos "primeiros cristãos" da história como estivessem falando de se mesmo, como se eles e aqueles fossem termos sinônimos, na prática, está apenas fazendo um discurso político e reproduzindo a ideologia do seu grupo religioso, que precisa de reconhecimento e penetração social. É de fundamental importância para ele e seus pares esta conformidade com um "passado", que acreditam ser "real" e ter "acontecido de verdade". Isso cria uma sensação de pertencimento a um lugar da unidade [que é este "passado"], possibilitando uma identidade. A este respeito, podemos observar o exemplo de uma dessas igrejas chamadas também de evangélicas: a batista, que frente às demais, acredita ser a única que tem, de fato, sua origem em Jesus Cristo e na Igreja neotestamentária. Segundo a tese batista: "os discípulos de Jesus Cristo, que a partir dos Séculos XVII e XVIII passaram a ser conhecidos como Batistas, têm as mesmas doutrinas e práticas das igrejas cristãs do 1º século de nossa era" (Pereira, 1987:11). Como em qualquer comunidade, tribo ou sociedade, as igrejas construíram uma existência de si para si mesmo. Todavia, é preciso compreender que para todas elas, sua afinidade com Jesus Cristo e a Igreja Primitiva é indubitável. Por isso utilizam muito bem o discurso da História e a tem como sua mais fiel aliada. É pela mesma razão ["histórica"] que muitas igrejas acreditam serem herdeiras diretas de Jesus Cristo ou herdeiras da Reforma Protestante, teses estas defendidas por estudiosos como Clara Mafra, em Os evangélicos (2001:07), Ricardo Mariano, emNeopentecostais (1999:10), Ruben Alves, em Protestantismo e Religião (1982a) e Dogmatismo e Tolerância (1982b) entre outros, como forma de explicar suas eternas e convenientes divergências com o Catolicismo Romano e demais confissões cristãs.

Sem se distanciar muito desta perspectiva acima, mas procurando propor uma distinção dentro do próprio termo evangélico no que tange a tese da origem, das práticas e dos pensamentos é que, num artigo de 1992 intitulado: "Quem é evangélico no Brasil", o professor Antônio Gouvêia Mendonça, professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP); Doutor em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo (USP), nos afirma que:

"Este termo surge na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII e se referia a uma das alas da igreja anglicana inglesa influenciadas pelo movimento metodista, chamada de ‘evangélicos', a outra tinha uma tendência católica romana. Essa ala se transformou em movimento e se espalhou pelo o resto do mundo ocidental, através das Alianças Evangélicas, principalmente por causa da franqueza do mundo protestante fragmentado diante da coesão e do avanço do catolicismo romano no século XIX e pelos efeitos do Iluminismo do século anterior. O objetivo desta Aliança era formar uma linha única para enfrentar o Catolicismo. [...] Evangélicos devem ou deveriam ser somente os adeptos dessa tradição ou corrente que se originou no século XVIII e que se espalhou através das Alianças e que se caracterizam pelo espírito conservador como ainda ocorre na Europa e nos Estados Unidos. Evangelicals significa conservador e adversário de tudo quanto cheire a liberalismo, modernismo e ecumenismo. Identifica uma ala muito forte do protestantismo atual e está presente em todas as denominações, abrangendo, às vezes, denominações inteiras. No Brasil este movimento chegou em São Paulo, em julho de 1903, com a fundação da Aliança Evangélica Brasileira, formada por pessoas de várias denominações protestantes, que fecharam um acordo em torno de pontos doutrinários comuns entre todas elas. Esta Aliança se transformou, pouco tempo depois na Confederação Evangélica do Brasil, que fracassou na tentativa de representar todos os cristãos não-católicos brasileiros. Porque, o ‘espírito evangélico' só abrigava indivíduos e nada tinha a ver com as barreiras denominacionalistas. [...] Mas apesar de todas as diferenças entre as denominações e entre seus membros, estava consagrado o nome de evangélico para todos os cristãos não católicos no Brasil"(1992:04)".

Partindo do pressuposto que, "a história é o falso lugar da unidade, dos acontecimentos, do tempo: esse é o lugar do texto" (Caldas, 1999:35b). O texto acima citado, apenas está nos propondo apenas uma outra leitura histórica, um outro "falso lugar de unidade" textual desse termo, um outro modelo explicativo do que poderia vir a ser isto que chamam de evangélico no Brasil. A. G. Mendonça, apesar de partir de uma outra origem, não consegue fugir da velha explicação evolucionista da história, que vê o evangélico como um protestante abrasileirado. O evangélico, segundo podemos concluir do seu raciocínio, é o resultado ou a conseqüência de algo feito anteriormente, e não algo novo e diferente. Ele não consegue singularizar e sua tentativa de historicização é pífia, é medíocre, como medíocres são os que não conseguem se libertar das amarras da história, ir além ou transcender a este discurso fundador. A história para tais pensadores é o chão por onde pode caminhar, analisar e explicar os seus discursos e os dos outros. Ele, como os chamados evangélicos não percebem que:

"A História jamais serviu para formar a consciência; ou mesmo como exemplo. Nada pode dizer ao presente, por sua singularidade inescapável. Sempre serviu aos poderes, às mentalidades reacionárias, às imagens fascistas de mundo. Desde o começo, a história esconde sua essência de singularidade desencadeadas, de falta de ligações em todas as instâncias, da falta de repetibilidade (mundo do objeto); e desde o começo luta para estabelecer exemplo, modelo, paradigma, lição, estrutura, ordem, existência. A História é uma mentira institucionalizada e instrumentalizada das lógicas ocidentais do objeto dirigido ao ‘mundo inteiro'" (1999:35a).

Para A. G. Mendonça e a maioria dos seus colegas intelectuais, os evangélicos no Brasil são filhos do movimento evangelical sob o ponto de vista da teologia e anticatólico sob o aspecto da estratégia. Assim, sua identidade é forjada principalmente, mas não exclusivamente, a partir do contraste, da diferenciação com os católicos romanos brasileiros. O evangélico ou o crente então, traz consigo um compromisso transparente de ser o oposto, a antítese do católico romano e dos outros credos religiosos, mesmo sendo de tradição cristã. "Era necessário identificar os recém-convertidos com um nome novo e esse foi ‘ crente em nosso Senhor Jesus Cristo', ou simplesmente crente". (1992:05) Sem o outro, isto é, os católicos romanos, os evangélicos não teriam se constituído.

Diferentes denominações religiosas cristãs utilizam a palavra evangélica como uma marca, um pré-nome ou sobre-nome. É com ela que a maioria, quase que absoluta, das Igrejas se identificam e se distinguem entre si. Até as pessoas cristãs não-católicas identificam-se assim também individualmente, do mesmo modo que suas igrejas. São os próprios evangélicos que se identificam desta forma, com este nome. É assim que são chamados e conhecidos, apesar destas igrejas, que assim se denominam, terem experiências diferentes com a fé. Diferenças essas que nos faz pensar se evangélico é um nome ou um apelido. Esta é uma palavra inventada por eles e não pelos os outros [os seus adversários]. Eles é que espalharam e tornaram popular esta denominação. Os católicos que, segundo boa parte da literatura sobre os "evangélicos", classificavam os convertidos a recém chegada religião do exterior de "protestantes", "bode", "bíblia", "missa-seca" ou "crentes" e outros termos considerados pejorativos, refere-se aos membros dessa religião cristã pela mesma maneira como eles se autodenominam e costumam se identificar: de evangélicos.

Já quanto o nome "protestante", nome puramente europeu, não vingou. Ele foi pouco utilizado e caiu logo em desuso; foram os integrantes do clero católico que tomaram emprestado este termo estrangeiro importado da Europa, foram eles que fizeram o uso dela nos primeiros tempos, quando não havia uma classificação autóctone mais apropriada na ocasião. Era necessário inicialmente identificar a religião concorrente, era preciso dar-lhes um nome, assim nasceu, passou a existir o nome "protestantes" ou "protestantismo". Pouco tempo após, passou a ser empregado o termo "irmãos separados" e depois apareceu o termo recente: evangélico. Um novo personagem foi assim construído, uma ficcionalidade foi substituída por outra aqui no Brasil. "Evangélico" é o apelido mais freqüente, mais massificado e comum a todos os cristãos, mas não aplicado aos católicos brasileiros.

Texto na íntegra através do link:Artigonal

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