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Multidão lota igreja da Assembléia de Deus para velório de menina baleada ao defender o pai
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Multidão lota igreja da Assembléia de Deus para velório de menina baleada ao defender o pai
Corpo de Kerolly é velado na igreja da Vila Maria, em Aparecida de Goiânia. Garota de 11 anos morreu por falência múltipla de órgãos na terça-feira.
Gabriela Lima - G1
Uma multidão lotou a igreja Assembléia de Deus da Vila Maria, em Aparecida de Goiânia, para o velório de Kerolly Alves Lopes, de 11 anos, na noite desta quarta-feira (8). A menina, baleada ao tentar defender o pai durante uma briga em uma pizzaria, morreu por falência múltipla de órgãos na noite de terça-feira (7), após dez dias internada na UTI do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A criança teve morte cerebral constatada no domingo (5).
Estava previsto para que o velório começasse às 19h. Mas o caixão com o corpo da garota só chegou à igreja às 20h20. Muitos dos presentes não tinham nenhum parentesco ou sequer conheciam a menina, mas se comoveram com a tragédia e foram até o local.
A família ainda não definiu o horário do enterro da menina. Informou apenas o local do sepultamento, no Cemitério Jardim da Paz, em Aparecida de Goiânia.
Apesar da morte cerebral de Kerolly Alves Lopes, de 11 anos, ter sido constatada há três dias, a família ainda tinha esperança na recuperação da menina. "A gente esperava que um milagre ia acontecer", disse a avó paterna, Vilma da Costa.
Emocionada, a avó conta que acreditou até o último minuto que a neta sobreviveria à tragédia: "Nós pedimos no hospital para que não desligassem os aparelhos, estávamos na fé que Deus ia trazer ela de volta".
Só no fim da manhã a família ela pensar na preparação do corpo da neta. "Sabe de uma pessoa que perdeu as forças até para lutar, para conseguir tirá-la do IML", desabafou Vilma, aos prantos.
O drama de Kerolly comoveu o Brasil após a divulgação de vídeos que registrou a briga entre o pai da menina, o serralheiro Sinomar Lopes, e o dono de uma pizzaria, George Araújo. As imagens mostram Kerolly e irmã mais velha, Pérola Alves, de 14 anos, tentando retirar o pai do local e pedindo para o suspeito abaixar a arma.
A vítima ainda pediu ajuda para pessoas que passavam no local e em uma farmácia próxima. Ao voltar para perto do pai e abraçá-lo, acabou atingida por dois disparos, um deles na cabeça. Socorrida ao Hugo, ela passou por cirurgia, mas permaneceu durante todo esse tempo em estado gravíssimo.
Em entrevista ao Fantástico no último domingo (5), o pai de Kerolly, disse se sentir culpado pelo que aconteceu. “Eu me sinto culpado. O que eu estou sentindo é dor demais, é sofrimento pra caramba e mágoa, culpa demais da conta”, afirmou Sinomar Lopes.
Prisão
Quinze horas depois da confusão o suspeito de atirar em Kerolly se apresentou em uma delegacia. Ele prestou depoimento alegando ter disparado em legítima defesa, mas não foi preso. A lei determina que alguém seja preso em flagrante apenas se for detido no momento do crime, depois de uma perseguição ou se ainda estiver com a arma usada. Como não havia pedido de prisão, ele acabou liberado.
O suspeito teve a prisão temporária decretada pela Justiça na noite de terça-feira (30). Depois de uma semana, ele se apresentou à polícia e está preso na Delegacia de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia. Ao ser apresentado, na terça-feira (7), George Araújo chorou o tempo todo e não conseguiu se manifestar diante da imprensa.
O advogado de defesa afirma que o suspeito está arrependido. “Ele me disse que perdeu a cabeça, errou e está preparado para responder civilmente e criminalmente. Houve todo calor da situação e, infelizmente, desencadeou na morte da criança. Porém, ele não está se furtando da responsabilidade”, enfatizou o advogado Roberto Rodrigues.
No entanto, a delegada de Proteção à Criança e ao Adolescente em Aparecida de Goiânia, Marcella Orçai, disse haver contradições no depoimento do suspeito, uma delas em relação à arma do crime, que ele alega ter perdido. A delegada espera concluir o inquérito ainda nesta semana.
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