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Batismo por fé em rios de sangue
NOVAS CRIATURAS :: DEBATES :: TEXTOS (EVANGELISTAS, PREGADORES, TEÓLOGOS, COMENTARISTAS BÍBLICOS, OUTROS)
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Batismo por fé em rios de sangue
No dia 21 de janeiro de 1525, um casal de cristãos em Zurique cometeu desobediência civil ao se recusar a batizar seu bebê recém nascido, por entender que o batismo bíblico é aquele que se dá mediante ao arrependimento de pecados e à confissão de fé em Cristo Jesus. Eles também entenderam que o governo não tem o direito de controlar a fé de seus cidadãos. Nascia, assim, o movimento anabatista. A atitude deste casal mudou a história da Igreja e nós, 487 anos depois, nos beneficiamos de sua ousadia.
A Reforma Protestante na Europa havia promovido a restauração de uma prática de fé fiel as Escrituras. Quando os reformadores ascenderam ao controle dos governos, eles substituíram a Igreja Romana pelas igrejas reformadas. De modo geral, todos, incluindo recém-nascidos, tinham que ser batizados para pertencer às recém organizadas igrejas reformadas, assim como outrora fizeram na Igreja Romana. Recém nascidos eram batizados na Igreja Reformada e se tornavam membros simplesmente por nascer na comunidade, assim como alguém se torna um cidadão estadunidense por nascer nos EUA.
A Reforma chegou a Zurique também, impulsionada pelos ensinamentos bíblicos de Ulrich Zwinglio. O conselho municipal de Zurique e a maioria dos cristãos apoiaram suas reformas. Entretanto, quando um grupo zeloso de partidários de Zwinglio consultaram a Bíblia, eles encontraram várias diferenças entre as igrejas primitivas do primeiro século e as igrejas estatais do século XVI.
Eles se convenceram de que a Igreja não deveria incluir a todos. Ao invés disso, ela deveria incluir somente aqueles que realmente conhecessem e seguissem a Cristo. “Como um bebê pode se unir à Igreja quando não sabem nada além de chorar e comer?”, perguntavam eles. Estes cristãos criam que o batismo verdadeiro se dá somente quando o indivíduo já tem idade suficiente para entender o seu significado. Entre estes, estavam Georg Blaurock, Conrad Grebel e Felix Manz.
Quando a esposa de Grebel deu a luz a um bebê, o casal decidiu não batizar a criança como as autoridades de Zurique exigiam. Outras famílias seguiram o exemplo dos Grebel. O concílio municipal de Zurique administrou esta desobediência civil da mesma forma que administraria uma petição para remover lixo da cidade ou a construção de uma nova ponte. No dia 17 de janeiro de 1525, eles organizaram um debate público a respeito do assunto. Os representantes civis ouviram os dois lados e votaram a favor do batismo infantil. O Concílio proibiu os “radicais” de se reunirem ou expressarem suas opiniões a outros, e ordenou que todas as famílias batizassem suas crianças em oito dias ou deixassem Zurique.
O prazo terminava e os anabatistas precisavam tomar uma posição. Enfrentando os ventos e a neve daquela gélida noite de 21 de janeiro de 1525, eles se reuniram na casa de Felix Manz para decidir o que fazer. Obviamente a reunião era “ilegal”, mas o grupo estava certo de uma coisa: governos não têm o direito de ditar crenças religiosas a seus cidadãos. Era uma idéia radical para a época. Entretanto, uma vez que eles enxergaram e entenderam isso, não havia mais volta.
Eles conversaram, lamentaram e, de joelhos, oraram. Quando todos se levantaram, Georg Blaurock já tinha tomado sua decisão. Ele pediu a Conrad Grebel para batizá-lo da maneira apostólica – diante da confissão de fé. Grebel o fez e, então, Blaurock batizou todos os outros que assim desejaram. Por meio daquele ato, nascia o movimento anabatista. “Anabatista” quer dizer “aquele que rebatiza.” Seus inimigos os apelidaram assim, em zombaria.
Os anabatistas acataram as ordens do conselho municipal de Zurique e deixaram a cidade. Eles deram início às suas próprias reuniões, completamente livre dos laços com o governo, e pregavam abertamente a outros. Para Zurique, tal ato se constituiu em rebelião e o concílio decretou a prisão dos envolvidos. Após serem libertos, eles voltaram a pregar.
Com o passar do tempo, Manz, Blaurock e muitos outros anabatistas foram executados. Graças à ousadia destes homens, a história da Igreja foi mudada, mas somente às custas de rios de sangue derramado por governantes que tentavam controlar a fé das pessoas.
Menonitas, huteritas e os Amish são descendentes diretos do movimento anabatista. Os batistas e muitos outros grupos batizam um indivíduo somente se ele tem idade suficiente para entender o significado do ato e confessar a Cristo. Mas todos nós nos beneficiamos da decidão dos Grebel de não batizar seu bebê. Graças a esta atitude, a maioria das igrejas protestantes hoje age sob o princípio da separação entre a Igreja e o Estado, mesmo que muitos governos ao redor do mundo ainda tentam controlar a Igreja.
Extraído de Christianity.com e traduzido por @paoevinho.
A Reforma Protestante na Europa havia promovido a restauração de uma prática de fé fiel as Escrituras. Quando os reformadores ascenderam ao controle dos governos, eles substituíram a Igreja Romana pelas igrejas reformadas. De modo geral, todos, incluindo recém-nascidos, tinham que ser batizados para pertencer às recém organizadas igrejas reformadas, assim como outrora fizeram na Igreja Romana. Recém nascidos eram batizados na Igreja Reformada e se tornavam membros simplesmente por nascer na comunidade, assim como alguém se torna um cidadão estadunidense por nascer nos EUA.
A Reforma chegou a Zurique também, impulsionada pelos ensinamentos bíblicos de Ulrich Zwinglio. O conselho municipal de Zurique e a maioria dos cristãos apoiaram suas reformas. Entretanto, quando um grupo zeloso de partidários de Zwinglio consultaram a Bíblia, eles encontraram várias diferenças entre as igrejas primitivas do primeiro século e as igrejas estatais do século XVI.
Eles se convenceram de que a Igreja não deveria incluir a todos. Ao invés disso, ela deveria incluir somente aqueles que realmente conhecessem e seguissem a Cristo. “Como um bebê pode se unir à Igreja quando não sabem nada além de chorar e comer?”, perguntavam eles. Estes cristãos criam que o batismo verdadeiro se dá somente quando o indivíduo já tem idade suficiente para entender o seu significado. Entre estes, estavam Georg Blaurock, Conrad Grebel e Felix Manz.
Quando a esposa de Grebel deu a luz a um bebê, o casal decidiu não batizar a criança como as autoridades de Zurique exigiam. Outras famílias seguiram o exemplo dos Grebel. O concílio municipal de Zurique administrou esta desobediência civil da mesma forma que administraria uma petição para remover lixo da cidade ou a construção de uma nova ponte. No dia 17 de janeiro de 1525, eles organizaram um debate público a respeito do assunto. Os representantes civis ouviram os dois lados e votaram a favor do batismo infantil. O Concílio proibiu os “radicais” de se reunirem ou expressarem suas opiniões a outros, e ordenou que todas as famílias batizassem suas crianças em oito dias ou deixassem Zurique.
O prazo terminava e os anabatistas precisavam tomar uma posição. Enfrentando os ventos e a neve daquela gélida noite de 21 de janeiro de 1525, eles se reuniram na casa de Felix Manz para decidir o que fazer. Obviamente a reunião era “ilegal”, mas o grupo estava certo de uma coisa: governos não têm o direito de ditar crenças religiosas a seus cidadãos. Era uma idéia radical para a época. Entretanto, uma vez que eles enxergaram e entenderam isso, não havia mais volta.
Eles conversaram, lamentaram e, de joelhos, oraram. Quando todos se levantaram, Georg Blaurock já tinha tomado sua decisão. Ele pediu a Conrad Grebel para batizá-lo da maneira apostólica – diante da confissão de fé. Grebel o fez e, então, Blaurock batizou todos os outros que assim desejaram. Por meio daquele ato, nascia o movimento anabatista. “Anabatista” quer dizer “aquele que rebatiza.” Seus inimigos os apelidaram assim, em zombaria.
Os anabatistas acataram as ordens do conselho municipal de Zurique e deixaram a cidade. Eles deram início às suas próprias reuniões, completamente livre dos laços com o governo, e pregavam abertamente a outros. Para Zurique, tal ato se constituiu em rebelião e o concílio decretou a prisão dos envolvidos. Após serem libertos, eles voltaram a pregar.
Com o passar do tempo, Manz, Blaurock e muitos outros anabatistas foram executados. Graças à ousadia destes homens, a história da Igreja foi mudada, mas somente às custas de rios de sangue derramado por governantes que tentavam controlar a fé das pessoas.
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Extraído de Christianity.com e traduzido por @paoevinho.
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