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Paulo, quando foi arrebatado, viu a essência de Deus? (Tomás de Aquino)

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 Paulo, quando foi arrebatado, viu a essência de Deus? (Tomás de Aquino) Empty Paulo, quando foi arrebatado, viu a essência de Deus? (Tomás de Aquino)

Mensagem por Admin Sáb Set 17, 2016 5:34 pm




Parece que Paulo, quando foi arrebatado, não viu a essência de Deus:

1. Com efeito, assim como se lê que Paulo “foi arrebatado até o terceiro céu”, lê-se também que Pedro “caiu em êxtase”. Ora, Pedro, nesse êxtase, não viu a essência de Deus, mas uma certa visão imaginária. Logo, parece que tampouco Paulo viu a essência divina.

2. Além disso, a visão de Deus torna a pessoa bem-aventurada. Ora, Paulo, durante seu arrebatamento não foi bem-aventurado; do contrário, não teria jamais voltado às misérias desta vida, e seu corpo teria sido glorificado pela redundância da glória da alma, como sucederá com os santos depois da ressurreição, o que evidentemente é falso. Logo, Paulo, quando foi arrebatado, não viu a essência de Deus.

3. Ademais, a fé e a esperança não podem coexistir com a visão da essência divina, como diz a primeira Carta aos Coríntios (13, 8). Ora, Paulo, naquele estado, teve a fé e a esperança. Logo, não viu a essência de Deus.

4. Ademais, segundo Agostinho, na visão imaginária se vêem certas “imagens dos corpos”. Ora, durante o arrebatamento, Paulo parece ter visto certas imagens, a saber, do “terceiro céu” e do “paraíso”, como ele narra. Logo, parece que foi arrebatado antes a uma visão imaginária que à visão da essência divina.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, Agostinho afirma que “a própria essência de Deus pôde ser vista por certos homens durante esta vida; como, por exemplo, Moisés e Paulo, que, durante o arrebatamento ‘ouviu palavras inefáveis que ao homem não é permitido pronunciar’”.

Alguns disseram que Paulo, durante o seu arrebatamento, não viu a própria essência de Deus, mas um certo reflexo da sua claridade. Contudo, Agostinho professa manifestamente a opinião contrária, não só no livro Da Visão de Deus, como também em seu Comentário literal sobre o Gênese. E essa opinião se encontra igualmente na Glosa sobre a segunda Carta aos Coríntios. E as próprias palavras do Apóstolo o declaram, pois diz ter ouvido “palavras inefáveis que ao homem não é permitido pronunciar”. Ora, o mesmo parece se dar com a visão dos bem-aventurados, que excede a condição da vida presente, segundo diz o livro de Isaías: “O olho não viu, exceto tu, ó Deus, o que tens preparado para os que te amam”. Por isso, parece mais conveniente dizer que Paulo viu a Deus na sua essência.

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:

1. A mente humana é arrebatada por Deus à contemplação da verdade divina de três modos. Primeiro por meio de certas imagens da imaginação e tal foi o arrebatamento que sucedeu a Pedro. Segundo por alguns efeitos inteligíveis, como o êxtase de Davi, quando diz: “Eu disse em meu êxtase: todo homem é mentiroso”. Terceiro na sua essência, e tal foi o arrebatamento de Paulo, como o de Moisés. E isto é muito razoável, pois, como Moisés foi o primeiro Doutor dos Judeus, Paulo foi o primeiro “Doutor dos Gentios”.

2. A divina essência não pode ser vista pelo entendimento criado a não ser mediante a luz da glória, da qual diz o Salmo: “Em sua luz veremos a luz”. O que pode acontecer de duas maneiras: 1º a modo de forma permanente, e assim ocorre com os bem-aventurados na pátria celestial; 2º a modo de uma paixão transitória, como se disse da luz profética. E deste gênero foi aquela luz em Paulo, quando foi arrebatado, e, por isso, ele não foi plenamente bem-aventurado, de maneira que redundasse a glória no seu corpo, mas apenas parcialmente. Eis por quê o seu arrebatamento pertence de certo modo à profecia.

3. Paulo foi bem-aventurado de um modo habitual, mas exerceu somente um ato dos bem-aventurados. Por conseguinte, não houve então simultaneamente nele um estado de fé, embora possuísse essa virtude no estado de hábito.

4. A expressão “terceiro céu” pode significar algo corpóreo. E, então, significa o céu empíreo, que é chamado terceiro em relação ao céu aéreo e o sideral; ou melhor, ao céu sideral e ao céu aquoso ou cristalino. E diz-se que ele foi “arrebatado ao terceiro céu”, não porque tenha sido arrebatado para ver a semelhança de alguma coisa corpórea, mas porque aquele lugar é o da contemplação dos bem-aventurados. Por isso, diz a Glosa, sobre essa passagem da segunda Carta aos Coríntios: “O terceiro céu é o céu espiritual, onde os anjos e as almas santas gozam da contemplação de Deus. Quando ele diz que foi arrebatado, isto significa que Deus lhe mostrou a vida na qual será visto por toda a eternidade”.

De outro modo pode-se entender por terceiro céu alguma visão sobrenatural, a qual pode chamar-se assim por três razões: 1ª Segundo a ordem das potências cognoscitivas, de maneira que o primeiro céu seria uma visão corporal e extraordinária verificada pelos sentidos, como foi vista a mão daquele que escrevia na parede. O segundo céu seria a visão imaginativa, como a que tiveram Isaías e João. O terceiro céu seria a visão intelectual, segundo expõe Agostinho. – 2ª Pode-se chamar terceiro céu em razão da ordem das coisas cognoscíveis, “de maneira que o primeiro céu seria o conhecimento dos corpos celestes; o segundo, o conhecimento dos espíritos celestiais, e o terceiro, o conhecimento do próprio Deus”. – 3ª, pode-se dizer terceiro céu a contemplação de Deus segundo os graus de conhecimento de Deus, dos quais o primeiro é o dos anjos das hierarquias inferiores; o segundo, dos anjos das hierarquias médias, e o terceiro, o dos anjos da hierarquia suprema, como diz a Glosa.

E como a visão de Deus não pode deixar de ser acompanhada de prazer, por isso o Apóstolo disse que não só foi arrebatado ao “terceiro céu”, em razão da contemplação, mas também ao “paraíso”, por causa do prazer conseqüente.

Fonte: Suma Teológica II-II, q.175, a.3

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