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Quando te afastas do fogo - Agostinho de Hipona (354-430)
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Quando te afastas do fogo - Agostinho de Hipona (354-430)
Quando te afastas do fogo,
o fogo continua a dar calor,
mas tu ficas regelado.
Quando te afastas da luz,
a luz continua a brilhar,
mas tu ficas envolto em sombras.
É isso que acontece
quando te afastas de Deus.
Agostinho de Hipona (354-430)
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COMO POR UM NOS VEIO A MORTE E POR UM A VIDA
Agostinho de Hipona
16. Logo depois de Adão, em quem todos pecamos, contraímos, não todos os pecados, mas só o original; por outro lado, Cristo, por quem todos somos justificados, obteve-nos a remissão do pecado original e de todos quantos havemos acrescentamos nós. Eis aqui por que o mal que nos fez aquele pecador único não iguala ao bem que nos tem feito o dom de Deus. O seu justo juízo pode condenar porque somente o delito de origem, se não se perdoa; mas a Sua graça salva, perdoando muitos delitos, ou seja o original e outros pessoais.
17. Pois se pelo delito de um sozinho, por obra de um só reinou a morte, muito mais os que recebem a superabundância da graça e da justiça reinarão na vida por um sozinho, Jesus Cristo. Por que reinou a morte por culpa de um, mas porque estavam vinculados à morte nEle, em quem todos pecaram, até os que não cometeram pecados pessoais? De outra maneira não seria verdade que pelo delito de um só a morte estendeu o seu império por meio de um, mas reinou com muitos delitos pessoais de muitos pecadores.
Pois se atribuímos à culpa de um homem a morte de outros, porque a ele, como a precursor, o seguiram imitando no mal, muito mais Aquele que morreu por delito de outro, pois o diabo o havia precedido com o mau exemplo, sendo além do mais seu instigador para a rebelião; Por outro lado, Adão não persuadiu a pecar a nenhum dos seus imitadores, e muitos dos que são chamados assim, ou talvez não tenham ouvido, ou de nenhum modo creram que ele tenha existido e cometido semelhante pecado.
Com quanta maior razão, pois, São Paulo teria dado o primeiro lugar ao diabo, atribuindo-lhe o delito e a herança universal da morte, se tivesse tratado aqui, não de um pecado de propagação, mas sim de imitação? Se se pode ser imitador de alguém, sem receber dele nenhum estímulo para o mal e até desconhecendo-o totalmente, muito mais justo é chamar a Adão imitador do diabo, porque este foi o seu tentador.
E o que significam as palavras: Os que recebem a abundância da graça e da justiça, senão que se lhes perdoam com a graça tanto o pecado original, comum a todos, como os pecados que cometeram depois, dando-se-lhes uma justiça tão poderosa, que, havendo Adão consentido a simples sugestão do demónio, eles não se rendem, nem quando com violência os querem arrastar ao pecado? E em que sentido diz: Muito mais reinarão em vida, sendo assim que a tirania da morte arroja a muitos mais na condenação eterna, mas para que entendamos que em ambas as passagens se fala dos que passaram de Adão para Cristo, da morte para a vida, pois na vida eterna reinarão sem fim com uma glória superior ao estrago que a morte temporária e transitiva causou neles?
18. Assim, pois, como pelo pecado de um homem todos incorreram em condenação, assim por a santificação de um receberam os homens a justificação da vida. Este delito único, se atendermos à imitação, não é mais que o do demónio. Mas sendo coisa evidente que se fala de Adão, não do demónio, só pode entender-se como um pecado de propagação, não de imitação.
In “Tratados sobre a Graça”, Capítulo XIII, Agostinho de Hipona (354-430)
Tradução de Carlos António da Rocha
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