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Ressurreição dos mortos e imortalidade da alma

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Ressurreição dos mortos e imortalidade da alma Empty Ressurreição dos mortos e imortalidade da alma

Mensagem por Admin Qui Jan 29, 2015 4:35 pm

Exposição de alguns textos bacanas sob, de certa forma é um assunto que ainda envolve bastante mistério, que Deus ajude a cada um compreender a verdade.



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A Ressurreição dos Mortos

Domingo, 17 de Fevereiro, 1856
Por Charles Haddon Spurgeon


“Há de haver ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos” Atos 24:15.
Meditando outro dia sobre o triste estado das igrejas em nosso tempo, fui conduzido a observar em retrospectiva aos tempos apostólicos, e a considerar em quê difere a pregação destes dias da pregação dos apóstolos. Notei a vasta diferença em seu estilo em relação à oratória formal e determinada da época presente. Observei que os apóstolos não tomavam um texto quando pregavam, nem se reduziam a somente um tema, e muito menos a algum lugar de adoração, e também descobro que paravam em qualquer lugar e declaravam desde a plenitude de seu coração o que sabiam de Jesus Cristo. Mas a principal diferença que observei radicava nos temas de sua pregação. Me surpreendi quando descobri que o elemento principal da pregação dos apóstolos era a ressurreição dos mortos. Percebi que eu estava pregando sobre a doutrina da graça de Deus, que havia sustentado a livre eleição, que estava conduzindo ao povo de Deus da melhor maneira que podia às profundas coisas de Sua palavra; mas me surpreendi ao descobrir que não estava copiando a maneira apostólica, nem sequer a metade do que eu poderia ter feito.
 
Os apóstolos, quando pregavam, sempre davam testemunho da ressurreição de Jesus, e a consequente ressurreição dos mortos. Parece que o Alfa e o Ômega de seu evangelho foi o testemunho de que Jesus Cristo morreu e ressuscitou outra vez dos mortos de acordo as Escrituras. Quando escolheram a outro apóstolo no lugar de Judas, que se converteu em um apóstata, disseram: “Alguém seja feito testemunha conosco, de sua ressurreição,” de tal forma que a essência do ofício de um apóstolo era ser uma testemunha da ressurreição.
 
E cumpriram muito bem o seu ofício. Quando Pedro se apresentou diante da multidão, declarou que: “Davi falou da ressurreição de Cristo”. Quando Pedro e João foram levados ante o concílio, a maior causa de sua prisão foi que os governantes estavam ressentidos “de que ensinassem ao povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos”. Quando foram postos em liberdade depois de terem sido examinados, nos é dito que: “Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e abundante graça era sobre eles”. Foi isto que motivou a curiosidade dos atenienses quando Paulo pregou no meio deles: “Parece que és pregador de novos deuses; porque lhes pregava o evangelho de Jesus e da ressurreição”. E isto provocou as risadas dos areopagitas, pois quando falou da ressurreição dos mortos, “Uns zombavam, e outros diziam: acerca disto te ouviremos ainda outra vez”. Em verdade Paulo disse, quando compareceu ante o concílio dos fariseus e dos saduceus: “Acerca da ressurreição dos mortos sou julgado hoje por vós”. E é igualmente verdadeiro que constantemente asseverava: “Se Cristo não ressuscitou, então nossa pregação é vã, vã também é a vossa fé… ainda estais em vossos pecados”.
 
A ressurreição de Jesus e a ressurreição dos justos são doutrinas na qual nós cremos, mas que raramente pregamos ou nos interessamos em ler. Ainda que eu tenha procurado em várias livrarias um livro especialmente relacionado com o tema da ressurreição, todavia não consegui comprar nenhum livro de nenhum tipo relacionado com o tema; e quando procurei nas obras do doutor Jonh Owen, que constituem uma mina inestimável do conhecimento divino, e que contêm muito do que é valioso sobre quase qualquer tema, escassamente pude encontrar, inclusive ali, mais que uma rápida menção da ressurreição. Foi classificada como uma verdade bem conhecida, e portanto, nunca foi discutida. Não surgiram heresias relacionadas com ela; teria sido quase uma misericórdia se tivessem surgido, pois sempre que uma verdade é disputada pelos hereges, os ortodoxos lutam impetuosamente por ela, e o púlpito ressoa com ela cada dia.
 
Contudo, estou persuadido de que há muito poder nesta doutrina; e se a prego esta manhã, observarão que Deus reconhecerá a pregação apostólica, e haverá conversões. Pretendo colocá-la à prova, agora, para ver se não há algo que não podemos perceber no presente na ressurreição dos mortos, que seja capaz de mover os corações dos homens e levá-los a sujeitarem-se ao Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
 
Há pouquíssimos cristãos que crêem na ressurreição dos mortos. Poderiam assombrar-se ao escutar isso, mas não me surpreenderia se descobrisse que você mesmo abriga dúvidas com respeito a esse tema. Pela ressurreição dos mortos se quer expressar algo muito diferente da imortalidade da alma que cada cristão crê, e nisso está no mesmo nível do pagão, que também crê nela. A luz da natureza é suficiente para nos dizer que a alma é imortal, assim que o infiel que duvida é um néscio pior que um pagão, pois este, antes que a revelação fosse dada, o tinha descoberto: há débeis vislumbres nos homens de razão que ensinam que a alma é uma coisa tão maravilhosa que há de perdurar para sempre.
 
Mas a ressurreição dos mortos é uma doutrina bastante diferente, que trata, não com a alma, senão com o corpo. A doutrina consiste em que este corpo material no qual existo agora há de viver com minha alma; que não somente é a “faísca vital da chama celestial”, a que há de arder no céu, senão o próprio incensário no qual o incenso de minha vida fumega, é santo para o Senhor e há de ser preservado para sempre.
 
O espírito, todo o mundo o confessa, é eterno; mas quantos há que negam que os corpos dos homens se levantarão efetivamente de suas sepulturas no grande dia! Muitos de vocês crêem que terão um corpo no céu, mas creem que será um fantasmagórico corpo etéreo, no lugar de crer que será um corpo semelhante a este: carne e sangue – ainda que não o mesmo tipo de carne, pois não toda carne é a mesma carne –  um corpo substancial, sólido, tal como o que temos aqui.
 
E há um grupo, todavia menor, de pessoas entre vocês que creem que os ímpios terão corpos no inferno; pois está ganhando terreno por toda a parte a convicção de que não haverá tormentos reais para os condenados que afetem seus corpos, senão que haverá de ser um fogo metafórico, um enxofre metafórico, cadeias metafóricas e uma tortura metafórica.
 
Mas se fossem cristãos como professam ser, creriam que cada homem mortal que haja existido, não somente viverá pela imortalidade de sua alma, senão que seu corpo viverá outra vez, que a própria carne na qual caminha agora na terra é tão eterna como a alma, e existirá eternamente. Essa é a peculiar doutrina do cristianismo.
 
Os pagãos não adivinharam nem imaginaram nunca tal coisa, e por isso, quando Paulo falou da ressurreição dos mortos, “uns zombavam,” o que demonstra que entendiam que falava da ressurreição do corpo, pois não teriam zombado se somente houvesse falado da imortalidade da alma, pois isso já havia sido proclamado por Platão e Sócrates, e havia sido recebido com reverência.
 
Agora estamos a ponto de pregar que haverá uma ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos. Vamos considerar primeiro a ressurreição dos justos; e em segundo lugar, a ressurreição dos injustos.
 
I. Haverá UMA RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS.
 
A primeira prova que oferecerei disto, é que há sido a constante e invariável verdade dos santos desde os primeiros períodos de tempo. Abraão cria na ressurreição dos mortos, pois se diz na Epístola aos Hebreus, no capítulo 11, e no versículo 19, que “pensava que Deus é poderoso para levantar, ainda dentre os mortos, de onde, em sentido figurado, também o recobrou”. Não guardo nenhuma dúvida de que José cria na ressurreição, pois deu instruções concernentes a seus ossos; e seguramente não haveria sido tão cuidadoso de seu corpo, se não houvesse crido que haveria de ser ressuscitado dos mortos. O patriarca Jó era um firme crente na ressurreição, pois comentou no texto que é citado repetidamente: “Eu sei que o meu Redentor vive, e ao fim se levantará sobre a terra; e depois de consumida esta minha pele, ainda em minha carne verei a Deus”. Davi cria na ressurreição mais além de qualquer sombra de dúvida, pois cantou sobre Cristo: “Porque não deixarás minha alma no Hades, nem permitirás que teu Santo veja corrupção”. Daniel creu nela, pois disse: “Muitos dos que dormem no pó da terra serão despertados, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e confusão perpétua”. As almas não dormem no pó, os corpos sim.
 
Lhes fará bem atentar a uma ou duas passagens para ver o quê estes santos homens pensavam. Por exemplo, em Isaías, em 26:19, se lê: “Teus mortos viverão; seus cadáveres ressuscitarão. Despertai e cantai, os que habitais no pó! Porque seu orvalho é como orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos”. Não ofereceremos nenhuma explicação. O texto é positivo e seguro.
 
Deixemos que fale outro profeta: Oséias, no capítulo 6 e versículos 1 e 2: “Vinde e tornemos a Jeová; porque ele arrebatou, e nos curará; fez a ferida, e no-la atará. Nos dará vida depois de dois dias; no terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele”. Ainda que isto não declare a ressurreição, a usa como uma figura que não seria útil se não fosse considerada como uma verdade estabelecida. Paulo também declara em Hebreus 11:35, que essa foi a fé constante dos mártires, pois diz: “Outros foram atormentados, não aceitando o resgate, a fim de obter melhor ressurreição”.
 
Todos esses homens e mulheres santos que, durante o tempo dos Macabeus[1], se mantiveram firmes por sua fé, e suportaram o fogo e a espada e inarráveis torturas, creram na ressurreição, e essa ressurreição os estimulava para entregar seus corpos às chamas, sem que lhes importasse nem sequer a morte, senão que criam que depois alcançariam uma bendita ressurreição.
 
Mas nosso Senhor trouxe a ressurreição à luz da maneira mais excelente, pois explicita e frequentemente a declarou. “Não vos maravilheis disto”, disse, “porque virá a hora quando todos os que estão nos sepulcros ouvirão sua voz”. “Vem a hora quando chamará aos mortos a juízo, e estarão diante de seu trono”. Em verdade, em toda Sua pregação houve um fluxo contínuo de uma crença firme, e de uma positiva declaração pública da ressurreição dos mortos. Não os aborrecerei com passagens dos escritos dos apóstolos: eles abundam no tema. De fato, a Santa Escritura está tão cheia desta doutrina que me surpreende, irmãos, que nos tenhamos apartado tão rapidamente da firmeza de nossa fé, e que se chegasse a crer em muitas igrejas que os corpos materiais dos santos não viverão outra vez, e especialmente que os corpos dos ímpios não terão existência futura. Nós sustentamos segundo nosso texto, que “Há de haver ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos”.
 
Uma segunda prova, pensamos, a encontramos na transposição de Enoque e Elias ao céu. Lemos de dois homens que foram ao céu em seus corpos. “Caminhou, pois, Enoque com Deus, e desapareceu, porque Deus o tomou para si” (Gênesis 5:24), e Elias foi transportado ao céu em um carro de fogo (2 Reis 2:11). Nenhum destes dois homens deixou suas cinzas no sepulcro: nenhum deixou seu corpo para que fosse consumido pelos vermes, e ambos ascenderam ao alto em seus corpos mortais – sem dúvida transformados e glorificados. Agora, esses dois indivíduos foram a garantia de que todos iremos ressuscitar da mesma maneira. Seria provável que dois espíritos resplandecentes estivessem no céu vestidos de carne, enquanto o resto de nós estivéssemos desnudos? Seria algo razoável que Enoque e Elias foram os únicos santos que tiveram seus corpos no céu, e que nós estivéssemos ali unicamente em nossas almas, pobres almas! Desejando contar outra vez com nossos corpos?
 
Não, nossa fé nos diz que havendo estes dois homens ido ao céu com segurança, como o expressa John Bunyan[2], por uma ponte que ninguém mais pisou, graças ao qual não se viram na necessidade de atravessar o rio, nós seremos alçados das águas, e nossa carne não habitará para sempre na corrupção.
 
Há uma notável passagem em Judas, na qual se diz de que quando o arcanjo Miguel contendia com o diabo pelo corpo de Moisés, não se atreveu a proferir “juízo de maldição” (Judas 9). Agora, isto se refere à grande doutrina de que os anjos vigiam os ossos dos santos. Certamente nos informa que o corpo de Moisés era vigiado por um grandioso arcanjo; o diabo pensava perturbar esse corpo, mas Miguel contendia com ele por essa causa. Agora, haveria uma contenda acerca desse corpo se não fosse de nenhum valor? Contenderia Miguel por aquilo que haveria de servir unicamente de alimento dos vermes? Lutaria com o inimigo por aquele que haveria de ser espargido aos quatro ventos do céu, para não ser reunido nunca em um esqueleto melhor e novo? Não, seguramente que não.
 
Disto aprendemos que um anjo vigia sobre cada tumba. Não é uma ficção quando esculpimos sobre o mármore os querubins com suas asas. Há querubins com asas estendidas sobre as lápides sepulcrais de todos os justos; e onde há “os rústicos antepassados da aldeia dormem”, em algum canto recoberto de urtigas, ali está um anjo noite e dia para vigiar cada osso e proteger cada átomo, para que na ressurreição esses corpos, com mais glória do que a que tiveram na terra, possam levantar-se para morar para sempre com o Senhor. A custódia dos corpos dos santos, por parte dos anjos, demonstra que ressuscitarão outra vez dos mortos.
 
Mas, ademais, as ressurreições que já aconteceram nos dão esperança e confiança de que haverá uma ressurreição de todos os santos. Não recordam que está escrito que quando Jesus ressuscitou dos mortos, muitos dos santos que estavam em seus sepulcros ressuscitaram, e vieram à cidade, e apareceram a muitos? Não ouviram que Lázaro, ainda que esteve morto três dias, saiu do sepulcro à palavra de Jesus? Não leram nunca como a filha de Jairo despertou do sonho da morte quando Ele disse: “Talita cumi”? Não O viram às portas de Naim, ordenando que o filho da viúva se levante do caixão? Esqueceram-se que Dorcas, que fazia vestidos para os pobres, se sentou e viu a Pedro depois de ter estado morta? E não se lembram de Eutico que caiu do terceiro piso abaixo, e foi levantado morto, mas, ante a oração de Paulo, foi ressuscitado de novo? Ou não voa sua imaginação ao tempo quando o envelhecido Elias se deitou sobre o menino morto, e a criança respirou, e espirrou sete vezes, e sua alma voltou a ele? Ou não leram que quando enterraram a um homem, tão rapidamente como tocou os ossos do profeta, reviveu, e se levantou sobre seus pés? Estes são presentes da ressurreição; uns quantos espécimes, umas quantas joias ocasionais que são lançadas no mundo para nos dizer quão cheia de joias da ressurreição está a mão de Deus. Ele nos tem dado provas de que é capaz de ressuscitar aos mortos pela ressurreição de uns quantos que depois foram vistos na terra por testemunhas infalíveis.
 
Mas agora devemos deixar estas coisas e devemos referi-los ao Espírito Santo a modo de confirmação da doutrina de que os corpos dos santos ressuscitarão de novo. O capítulo no qual encontrarão uma grande prova está na Primeira Epístola aos Coríntios, 6:13: “Mas o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo”. O corpo, então, é do Senhor. Cristo morreu, não somente para salvar minha alma, senão para salvar meu corpo. Se afirma que Ele “veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
 
Quando Adão pecou perdeu seu corpo, e perdeu também sua alma; era um homem perdido, perdido por completo. E quando Cristo veio para salvar a Seu povo, veio para salvar seus corpos e suas almas. “Mas o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor”. Acaso é este corpo para o Senhor, e contudo, será devorado pela morte? Acaso é este corpo para o Senhor, e os ventos espalharão para bem longe suas partículas de onde nunca encontrarão a seus congêneres? Não! O corpo é para o Senhor, e o Senhor o terá. “E Deus, que levantou ao Senhor, também a nós levantará com seu poder”.
 
Agora vejam o verso seguinte: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo”? Não unicamente a alma é uma parte de Cristo, unida a Cristo, senão o corpo também o é. Estas mãos, estes pés, estes olhos, são membros de Cristo, se sou um filho de Deus. Sou um com Ele, não unicamente enquanto à minha mente, senão um com Ele enquanto à este corpo físico. O próprio corpo é tomado em união. A cadeia de ouro que ata a Cristo a Seu povo se estende ao redor do corpo e da alma também. Acaso não disse o apóstolo: “Os dois serão uma só carne. Grande é este mistério; mas eu digo isto com respeito de Cristo e da igreja”? (Efésios 5:31,32). “Os dois serão uma só carne”, e o povo de Cristo não somente é um com Ele em espírito senão que são “uma só carne também”. A carne do homem está unida com a carne do Deus-homem; e nossos corpos são membros de Jesus Cristo. Bem, enquanto viva a cabeça, o corpo não pode morrer; e enquanto Jesus viva, os membros não podem perecer.
 
Ademais, o apóstolo disse, no versículo 19: “Ou ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo, o qual está em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois vossos? Porque foram comprados por preço”. Diz que este corpo é o templo do Espírito Santo; e quando o Espírito Santo mora em um corpo, não somente o santifica, senão que o torna eterno. O templo do Espírito Santo é tão eterno como o Espírito Santo. Pode-se demolir outros templos e seus deuses também, mas o Espírito Santo não pode morrer, nem “pode perecer Seu templo”. Acaso este corpo conteve uma vez ao Espírito Santo será pasto de vermes sempre? Não será visto mais, senão que será como os ossos secos do vale? Não, os ossos secos viverão, e o templo do Espírito Santo será edificado outra vez. Ainda que as pernas – os pilares – desse templo caiam, ainda que os olhos – suas janelas – se escureçam, e aqueles que veem através deles não vejam mais, contudo, Deus reconstruirá este tecido, iluminará outra vez os olhos, e restaurará seus pilares e renovará sua beleza, sim, “quando isto que é corruptível for revestido de incorrupção, e isto que é mortal for revestido de imortalidade”(1 Coríntios 15:53).
 
Mas o argumento fundamental com o que concluímos nossa prova é que Cristo ressuscitou dos mortos, e, em verdade, Seu povo também ressuscitará. O capítulo que lemos ao começo da reunião é prova de uma demostração de que se Cristo ressuscitou dos mortos, todo Seu povo há de ressuscitar; que se não há ressurreição, então Cristo não ressuscitou. Mas não considerarei esta prova por muito tempo, pois eu sei que todos vocês sentem seu poder, e não há necessidade de que eu a exponha claramente.
 
Como Cristo ressuscitou, em realidade, dos mortos: carne e sangue, assim será para nós. Cristo não era um espírito quando ressuscitou dos mortos; Seu corpo podia ser tocado. Acaso Tomé não colocou sua mão em Seu flanco? E não lhe disse Cristo: “Apalpai-me, e vede; porque um espírito não tem carne e nem ossos, como veem que eu tenho”. E se ressuscitaremos como ressuscitou Cristo – e isso não é o que se nos ensina – então ressuscitaremos em nossos corpos, não como espíritos, não como excelentes coisas etéreas, feitos de não sei o quê, de alguma substância sumamente elástica e refinada, senão que “como o Senhor nosso salvador ressuscitou, assim todos os seus seguidores ressuscitarão”.
 
Ressuscitaremos em nossa carne, ainda que “não toda carne é a mesma carne”, ressuscitaremos em nossos corpos, ainda que não todos os corpos são os mesmos corpos; e ressuscitaremos em glória, ainda que não todas as glórias são as mesmas glórias. “Uma carne é a dos homens, outra carne é a das bestas”, e há uma carne deste corpo, e outra carne do corpo celestial. Há aqui um corpo para a alma, e outro corpo para o espírito do além; e contudo, será o mesmo corpo que ressuscitará de novo do sepulcro: o mesmo, digo, em identidade, ainda que não em glória ou em adaptação.
 
Chego agora a alguns pensamentos práticos derivados desta doutrina, antes de passar a outras considerações.
 
Irmãos meus, que pensamentos de consolo há nesta doutrina, que afirma que os mortos ressuscitarão de novo. Alguns de nós estivemos parados junto à sepultura esta semana; e um de nossos irmãos, que serviu amplamente a seu Senhor em nosso meio, foi colocado no sepulcro. Ele foi um homem valente pela verdade, incansável nos trabalhos, abnegado no dever, e sempre preparado a seguir a seu Senhor – se trata do senhor Turner, da escola Lamb & Flag[3] –  e na máxima medida de sua capacidade, foi serviçal para a igreja. Agora, ali se viram algumas lágrimas derramadas: sabem a quê se deviam? Não houve uma só lágrima solitária que tenha sido derramada por sua alma. Não tivemos que recorrer à doutrina da imortalidade da alma para que nos desse consolo, pois a conhecíamos bem, estávamos perfeitamente seguros de que havia ascendido ao céu. O Serviço Funerário utilizado na Igreja da Inglaterra não nos oferece nenhum consolo relativo à alma do crente que partiu, e isso é sábio de sua parte[4], posto que está na bem-aventurança, senão que nos alenta recordando-nos a ressurreição prometida para o corpo; e quando falo em relação aos mortos, não é para dar consolo enquanto à alma, senão enquanto ao corpo. E esta doutrina da ressurreição tem consolo para os duvidosos em relação à mortalidade enterrada. Vocês não choram porque seu pai, irmão, esposa, esposo, tenha ascendido ao céu: seriam cruéis se chorassem por isso. Nenhum de vocês chora porque sua amada mãe está diante do trono, senão choram porque seu corpo está na sepultura, porque esses olhos já não podem sorrir-lhes, porque essas mãos não podem acariciar-lhes, porque esses doces lábios não podem pronunciar melodiosas notas de afeto. Choram porque o corpo está frio, e morto, semelhante ao barro. Vocês não choram pela alma.
 
Mas eu tenho um consolo para vocês. Esse mesmo corpo ressuscitará de novo; esse olho cintilará com força de novo; essa mão será estendida com afeto mais uma vez. Creiam-me, não estou dizendo-lhes nenhuma ficção. Essa mesma mão, essa mão real, esses braços frios, semelhantes ao barro, que penduram pelo lado e se caem ao ser levantados por vocês, sustentarão uma harpa um dia; e esses pobres dedos, agora gelados e duros, serão agitados ao longo das cordas vivas das harpas de ouro no céu. Sim, vocês verão esse corpo uma vez mais.
 
“Seus pecados inatos requerem
Que sua carne veja o pó,
Mas assim como o Senhor seu Salvador ressuscitou,
Assim hão de fazê-lo Seus seguidores”.
 
Isso não secará suas lágrimas? “Não está morto, senão que dorme”. Não está perdido, senão que é “semente semeada para que amadureça para a colheita”. Seu corpo está descansando por pouco tempo, banhando-se em especiarias, para que seja apto para os abraços de seu Senhor.
 
E aqui há consolo para vocês também, para vocês, pobres sofredores, que sofrem em seus corpos. Alguns de vocês são quase mártires que experimentam dores de um tipo ou de outro: dores lombares, gota, reumatismos, e todo tipo de tristes situações das que a carne é herdeira. Escassamente transcorre um dia sem que sejam atormentados com um sofrimento de algum tipo ou outro; e se não fossem o suficientemente néscios para estar auto receitando-se sempre, poderiam ter a cada momento ao doutor de visita na sua casa.
 
Aqui há consolo para vocês. Esse seu pobre corpo em ruínas viverá outra vez sem suas dores, sem suas agonias; esse pobre andaime trêmulo receberá o reembolso de tudo o que tem sofrido. Ah! Pobre escravo negro, cada cicatriz sobre suas costas terá uma franja de honra  no céu. Ah! Pobre mártir, a crepitação de teus ossos no fogo lhe recompensará alguns sonetos na glória; todos os teus sofrimentos serão bem pagos pela felicidade que experimentarás além. Não tema sofrer no corpo, porque seu corpo participará um dia de seus deleites. Cada nervo se estremecerá de gozo, cada músculo se moverá pela bem-aventurança; seus olhos brilharão com o fogo da eternidade; seu coração palpitará e pulsará com bem-aventurança imortal; sua estrutura será o canal de beatitude; o corpo que agora é com frequência um copo de absinto, será um recipiente de mel, esse corpo que é por vezes um favo do qual se destila fel, será um favo de bem-aventurança para você. Recebam consolo, então, vocês que sofrem, que definham desfalecidos no leito: não tenham medo, pois seus corpos viverão.
 
Mas quero extrair do texto uma palavra de instrução em relação à doutrina do reconhecimento. Muitos se perguntam perplexos se reconhecerão a seus amigos no céu. Bem, agora, se os corpos ressuscitarão dos mortos, não vejo razão alguma para que não os reconheçamos. Creio que conhecerei a alguns de meus irmãos, incluso por seus espíritos, pois conheço muito bem seu caráter, tendo falado com eles das coisas de Jesus, e conhecendo muito bem as partes mais proeminentes de seu caráter.
 
Mas também verei seus corpos. Sempre considerarei como um golpe contundente, a resposta à pergunta da Sr. Ryland do velho John Ryland. “Pensas que me conhecerás no céu”? “Vamos” – lhe respondeu – “te conheço aqui; e crês que serei mais insensato no céu do que sou na terra?” A pergunta está fora de toda disputa. Viveremos no céu com corpos, e isso decide o assunto. Iremos nos reconhecer uns aos outros no céu; podem tomar isso como um fato real, e não como uma simples fantasia.
 
Mas agora teremos uma palavra de advertência, e então haverei concluído com esta parte do meu tema. Se seus corpos habitarão no céu, lhes suplico que cuidem deles. Não me refiro a que tenham cuidado com o que comem e bebem, e com o que se vestirão, senão que refiro a que tenham cuidado de que seus corpos não sejam contaminados pelo pecado. Se essa garganta cantará para sempre os cânticos de glória, não permitam que palavras de impudência a sujem. Se esses olhos verão ao Rei em Sua formosura, então essa será sua oração: “Aparta meus olhos, que não vejam a vaidade”. Se essas mãos sustentarão uma rama de palma, oh, então nunca receberão o suborno, nunca buscarão o mal. Se esses pés caminharão pelas ruas de ouro, então não deverão ser ligeiros para a maldade. Se essa língua falará para sempre de tudo o que Ele disse e fez, então não expressará coisas superficiais e frívolas. E se esse coração palpitará para sempre com bem-aventurança, lhes suplico que não o entreguem a estranhos; tampouco lhe permitam extraviar-se para o mal. Se este corpo viverá para sempre, que cuidado temos que lhe dar, pois nossos corpos são templos do Espírito Santo, e são membros do Senhor Jesus.
 
Agora, crerão nesta doutrina ou não? Se não creem, estão excomungados da fé. Essa é a fé do Evangelho; e se não creem nela, todavia não receberam o Evangelho. “Se Cristo não ressuscitou, vossa fé é vã; ainda estais em vossos pecados”. Os mortos em Cristo vãoressuscitar, e ressuscitarão primeiro.
 
II. Mas agora chegamos à RESSURREIÇÃO DOS ÍMPIOS. Ressuscitarão os ímpios também? Aqui temos um ponto de controvérsia. Agora terei que dizer coisas duras: poderia detê-los um pouco, mas lhe peço que me escutem com atenção. Sim, os ímpios ressuscitarão.
 
A primeira prova nos é proporcionada na segunda Epístola aos Coríntios, 5:10: “É necessário que todos nós compareçamos ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba seguindo o que tenha feito enquanto estava no corpo, seja bom ou seja mal”. Agora, posto que todos temos que comparecer, os ímpios comparecerão, e receberão segundo o que tenham feito no corpo. Como o corpo peca, é natural que o corpo seja castigado. Seria injusto castigar a alma e não o corpo, pois o corpo esteve tão envolvido com o pecado como esteve a alma em todo momento.
 
Mas em qualquer lugar que vou agora ouço que se afirma: “Os ministros em tempos antigos eram propensos a dizer que havia fogo no inferno para nossos corpos, mas não é assim; é um fogo metafórico, um fogo imaginário”. Ah! Não é assim. Receberão as coisas feitas em seu corpo. Ainda que suas almas tenham de ser castigadas, seus corpos também serão castigados. Vocês que são sensuais e diabólicos, não se preocupam de que suas almas sejam castigadas, porque nunca pensam acerca de suas almas, mas se eu lhes falo de um castigo para o corpo, pensarão muito mais nele. Cristo disse que a alma será castigada, mas descreveu com maior frequência ao corpo em aflição para impressionar aos Seus ouvintes, pois sabia que eram sensuais e diabólicos, e que nada que não afetasse o corpo os tocaria no mínimo detalhe. “É necessário que todos nós compareçamos ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tenha feito enquanto estava no corpo, seja bom ou seja mal”.
 
Mas este não é o único texto que demonstra a doutrina, e lhes darei um que é melhor: Mateus 5:29: “Se teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros, e não que todo o teu corpo seja lançado ao inferno”. Não diz: “que toda a tua alma”, senão “todo o teu corpo”. Amigo, isto não diz que sua alma estará no inferno – isso é afirmado muitas vezes – senão que declara afirmativamente que seu corpo estará. Esse mesmo corpo que agora está parado no corredor, ou sentado no banco, se chegar a morrer sem Cristo, arderá para sempre nas chamas do inferno. Não é uma fantasia do homem, senão uma verdade que sua carne material e seu sangue, e esses próprios ossos sofrerão: “todo o teu corpo seja lançado no inferno”.
 
Mas se uma prova não te satisfaz, escute outra extraída do mesmo Evangelho, capítulo 10:28: “Não temais aos que matam o corpo, mas a alma não podem matar; temei antes ao que pode destruir a alma e o corpo no inferno”. O inferno será um lugar para corpos assim como para almas. Tal como observei, sempre que Cristo fala do inferno e do estado perdido dos ímpios, fala em todo momento de seus corpos; escassamente o encontram dizendo algo acerca de suas almas. Ele disse: “Onde o verme deles não morre”, que é uma figura de um sofrimento físico: o verme que tortura para sempre o íntimo do coração, como um câncer dentro da própria alma.
 
Ele fala do “fogo que não pode ser apagado”. Agora, não comecem a dizer-me que se trata de um fogo metafórico: a quem lhe importa isso? Se um homem me ameaçasse em dar-me um golpe metafórico na cabeça, pouco me preocuparia a respeito; seria bem-vindo para que me desse os golpes que quisesse. E que dizem os ímpios? “A nós não nos importam os fogos metafóricos”. Mas, amigo, são reais, sim, tão reais como você mesmo. Há um fogo real no inferno, tão certo como agora tens um corpo real, há um fogo exatamente igual em tudo ao que temos na terra, exceto nisso: que não se consumirá, ainda que lhe torturará.
 
Você já viu ao amianto quando está vermelho vivo dentro do fogo, mas quando o tiras, não se consumiu. De igual maneira seu corpo será preparado por Deus de tal maneira que arderá para sempre sem ser consumido; estará metido, não como você considera, em um fogo metafórico, senão em uma chama real. Tinha em mente nosso Salvador uma ficção quando disse que lançaria corpo e alma no inferno? Para que haveria um abismo se não houvesse corpos? Por quê o fogo, por quê as cadeias, se os corpos não fossem estar ali? Pode tocar o fogo à alma? Pode o abismo encerrar aos espíritos? Podem as cadeias atar às almas? Não, o abismo, o fogo e as cadeias são para os corpos, e os corpos estarão ali. Você dormirá no pó por pouco tempo.
 
Quando morra, sua alma será atormentada sozinha, isso será um inferno para ela, mas no dia do juízo seu corpo se unirá à sua alma, e então terá infernos gêmeos, corpo e alma estarão juntas, ambos repletos de dor, tua alma suando gostas de sangue pelos poros mais íntimos e teu corpo coberto de agonia da cabeça aos pés, consciência, juízo, memória, todos sendo torturados, ainda mais: sua cabeça sendo atormentada por dores dilacerantes, seus olhos saltando de suas órbitas com sangue e dor, seus ouvidos sendo atormentados com:
 
“Melancólicos gemidos e lamentos profundos.
E alaridos de torturados espíritos”.
 
Seu coração palpitará precipitadamente pela febre; seu pulso se agitará em agonia à uma enorme velocidade, seus membros crepitarão no fogo como o dos mártires, mas não arderão; você mesmo, colocado em um recipiente de azeite fervente, estará dolorido, mas permanecerás sendo indestrutível, todas as suas veias se converterão em uma senda que será recorrida pelos pés ardentes da dor, cada nervo será uma corda sobre a qual o diabo tocará para sempre sua diabólica melodia do “Lamento Inarrável do Inferno”, tua alma doerá eternamente e para sempre, e seu corpo palpitará ao uníssono com sua alma.
 
Ficções, senhor! De novo o digo: não são ficções, e vive Deus que se trata de uma verdade sólida e severa. Se Deus é veraz, e esta Bíblia é verdadeira, o que tenho dito é a verdade, e descobrirão algum dia que assim é.
 
Mas agora devo ter um pequeno raciocínio com os ímpios sobre um ou dois pontos. Primeiro, argumentarei com aqueles de vocês que estão muito orgulhosos de seus atrativos corpos, e que se arrumam com excelentes ornamentos, e se tornam gloriosos em suas roupas. Há alguns de vocês que não têm tempo para a oração, mas têm tempo suficiente para escovar seus cabelos por toda uma eternidade; não têm tempo para dobrar seus joelhos, mas têm tempo abundante para tratar de parecer prontos e grandiosos. Ah, fina dama, tu que cuidas teu rosto muito bem maquiado! Lembra-te que do que alguém disse na antiguidade quando alçou uma caveira para contempla-la:
 
“Digam a ela, que ainda que se cubra
com uma polegada de pintura,
A esta pele há de chegar ao fim”.
 
E algo pior que isso: esse belo rosto será marcado com as garras dos demônios, e esse formoso corpo será unicamente o instrumento de tormento. Ah! Veste-se para o verme, altivo cavalheiro; se unja para as rasteiras criaturas do sepulcro; e ainda pior, venha ao inferno com seu cabelo empavonado: “Um cavalheiro no inferno”, descende ao abismo com teus preciosos vestidos, senhor meu, vá além, para encontrar-se não mais alto que os demais, exceto talvez por uma tortura maior, e submergido mais profundamente nas chamas.
 
Ai, Já não nos convém desperdiçar aqui tanto tempo nas coisas menores, quando há tanto por fazer, e tão pouco tempo para fazê-lo, no que está relacionado à salvação das almas dos homens. Oh Deus, nosso Deus, livra aos homens de celebrar e de dar prazer aos seus corpos, quando somente estão engordando-os para o matadouro, e alimentando-os para que sejam devorados nas chamas.
 
Ademais, ouçam-me quando digo que estão gratificando às suas concupiscências: sabem que esses corpos cujas lascívias gratificamos aqui, estarão no inferno, e que terão as mesmas concupiscências no inferno que as que têm aqui? O libertino se apressa em dar prazer a seu corpo no que deseja, poderá fazer isso no inferno? Poderá encontrar um lugar ali no qual gratifique sua concupiscência e encontre indulgência para seu sujo desejo? Aqui, o bêbado pode despejar em sua garganta a taça intoxicante e mortal; mas, onde encontrará o licor para beber no inferno, quando a embriaguez será tão ardente sobre ele como o é aqui? Onde encontrará sequer uma gota de água para refrescar a língua ardente? O homem que ama aqui a glutonaria, será um glutão além, mas onde estará a comida que lhe satisfaça, quando ainda que sustentasse seu dedo no alto veria que os pães se distanciam, e não lhe será permitido que tome nenhum fruto? Oh, ter suas paixões, e contudo, não poder satisfazê-las! Encerrar um bêbado um sua cela e não dar-lhe nada de beber! Se lançaria contra a parede para conseguir o licor, mas não há licor para ele. O que farás no inferno, oh bêbado, com essa sede na garganta, e não podendo tragar nada senão chamas flamejantes que incrementam seu suplício?
 
E o que você fará, oh pessoa dissoluta, quando todavia quiser estar seduzindo a outros, mas não há nada com quem possa pecar? Falo claramente? Se os homens querem pecar, encontrarã homens que não se envergonhem para reprová-los. Ah, ter um corpo no inferno, com todas as suas concupiscências, mas sem o poder de satisfazê-las! Quão horrível será esse inferno!
 
Mas escutem-me, todavia uma vez mais. Oh, pobre pecador, se visse que vais ao esconderijo do inquisidor para ser atormentado, não te pediria que te detivesses antes que atravessasses o umbral? E agora lhe estou falando de coisas que são reais. Se estivesse esta manhã sobre um cenário, e estivesse atuando estas coisas como se fossem fantasias, lhes faria chorar: faria chorar aos piedosos ao pensar quantos serão condenados, e faria chorar aos ímpios ao pensarem que serão condenados. Mas quando falo de realidades, não se comovem nem a metade do que o fariam as ficções, e estão assentados como o estavam antes que a reunião começasse.
 
Mas ouçam-me, enquanto afirmo de novo a verdade de Deis. Eu lhe digo pecador, que esses olhos que agora veem à luxúria, verão às aflições que lhe humilharão e atormentarão. Esses ouvidos que prestas agora para ouvir à canção da blasfêmia, ouvirão gemidos, e lamentos, e sons horríveis, que somente os condenados conhecem. Essa mesma garganta pela qual agora derramas bebida, estará cheia de fogo. Esses seus próprios lábios e braços serão torturados ao mesmo tempo. Vamos, se você tem uma dor de cabeça, correria ao seu médico; mas o que farás quando sua cabeça, coração, e suas mãos, e teus pés te doerem todos de uma só vez? Quando somente tens uma dor em teus rins, buscas aos remédios que te curam, mas o que farás quando a gota, o reumatismo, a vertigem e tudo o que é vil ataquem seu corpo de uma só vez? Como te comportarás quando for aborrecido com todo tipo de enfermidade, lepra, paralisia, obscuridade, podridão, quando seus ossos doerem, seu medula trema, cada membro que tens esteja cheio de dor; teu corpo um templo dos demônios e um canal de aflições? E prosseguirás às cegas? Como vai o boi ao matadouro, e como coxeia a ovelha à faca do carniceiro, o mesmo ocorre com muitos de vocês.
 
Senhores, vocês estão vivendo sem Cristo, muitos de vocês, são justos com justiça própria e ímpios. Alguns de vocês sai esta tarde para tomar sua porção de prazer do dia; outro é um fornicador em segredo; outro pode enganar ao seu vizinho; outro pode maldizer a Deus de vez em quando; outro bem a esta capela mas em segredo é um bêbado; outro fala muito sobre a piedade, e Deus sabe que é um hipócrita desventurado. O que farás naquele dia quando estiveres diante do teu Criador? É pouco que teu ministro lhe censure agora; é pouco ser julgado pelo juízo do homem, o que farás quando Deus trovejar, não sua acusação, senão a sua condenação: “Apartai-vos de mim, malditos, ao fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos”?
 
Ah! Vocês que são sensuais, eu sabia que não jamais lhes comoveria enquanto falasse acerca de tormentos para suas almas. Lhes comovo agora? Ah, não! Muitos de vós se irão e irão rir, e me chamarão, como recordo que me chamaram uma vez antes, “um clérigo do fogo do inferno”. Bem, vão; mas verão um dia ao pregador do fogo do inferno no céu, talvez, e vocês mesmos serão lançados fora, e olhando para baixo com um olhar reprobatório, se puder, lhes recordarei que ouviram a palavra, e não a escutaram.
 
Ah, homens, é algo sem importância ouvi-la, será algo duro suportá-la! Agora me escutam insensíveis, será trabalho mais duro quando a morte se aferre a vocês e estejam queimando no fogo. Agora desprezam a Cristo, não lhe desprezarão então. Agora podem desperdiçar seus dias de Domingo; então, dariam mil mundos por um Domingo se pudessem tê-lo no inferno. Agora podem zombar e escarnecer; então, não haverá nem zombarias e nem escárnios; estarão gritando, e uivando, e chorando e pedindo misericórdia; mas:
 
“Não se permitem atos de perdão
Na fria sepultura à qual nos apressamos;
A escuridão, a morte e o grande desespero,
Reinam no eterno silêncio ali”.
 
Oh, meus queridos leitores! A ira vindoura! A ira vindoura! A ira vindoura! Quem de vós habitará em meio ao fogo consumidor? Quem de vós habitará com as chamas eternas? Podes fazê-lo, meu amigo? E você? Podes habitar com a chama eterna? “Oh, não”, respondes, “o que devo fazer para ser salvo?” Escute o que Cristo tem a dizer: “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo; o que crê não será condenado”. “Vinde logo, diz Jeová, e arrazoemos: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; se forem vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã”.

ORE PARA QUE O ESPIRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA TRAZER UM CONHECIMENTO SALFÍVICO DE JESUS CRISTO E PARA EDIFICAÇÃO DA IGREJA
 
FONTE:
Traduzido de http://www.spurgeon.com.mx/sermon66-67.html
 
Traduzido com permissão de Allan Roman

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Ressurreição dos mortos e imortalidade da alma Empty Re: Ressurreição dos mortos e imortalidade da alma

Mensagem por Admin Qui Jan 29, 2015 4:38 pm

Imortalidade da alma e ressurreição dos mortos –   

A CONCEPÇÃO HEBRAICA ANTIGA

As almas dos mortos eram como sombras presas no Cheol. Não tinha uma vida igual a dos vivos. Estavam como que adormecidas, numa semi-vida  sem alegria, sem consciência da vida no mundo e esquecidas de Deus. Só Deus poderia livrar do Cheol e ele livrava impedindo que uma pessoa  morresse . A felicidade consistia em uma vida longa sobre a terra. Cf. 37,33-35;  Gn. 42,38; Ecl.  9,5-6

A COMPREENSÃO NO HEBRAISMO RECENTE

Após o cativeiro dos judeus par a Babilônia o xeol passou a ser a morada dos mortos, mas nestes as sombras, ou pessoa falecidas, estavam separadas. Os bons estavam nas mãos de Deus ou no seio de Abraão e os maus num estado de sofrimento. (Lc. 16, 19-26)  A ressurreição era a esperança  dos que faleciam. E esta ressurreição se daria no dia do julgamento  no final dos tempos.  (Jo. 11, 23-24)

A CONCEPÇÃO DO NOVO TESTAMENTO.

Cristo conhecia a doutrina judaica da Ressurreição. E afirmou a mesma para o povo quando questionado pelos Saduceus que a negavam. Os mortos ressuscitam. Cristo não diz apenas Ressuscitarão. (  Lc. 20, 37-38)  Mas em outras ocasiões Cristo faz também referencia a uma ressurreição no final dos tempos. (Jo 5,28-29; 6,40) Outra entendimento de  ressurreição dos mortos  é a manifestação do caráter de uma pessoa morta em outra viva. Como o poder de fazer milagres de um profeta manifestado por outro.(Lc 9, 7-8. 18-21; 20, 37-38; Mt 16,13-14;Mc 6,14-16) Então este profeta  ressuscitou  reaparece  por sua atuação em outra pessoa. Algo parecido com o o ditado popular “este menino puxou todas as manias do pai ou é tão ruim como a mãe.” Para os judeus as  habilidades de uma pessoa morta presentes em outra viva era uma espécie de ressurreição do espírito daquela pessoa falecida.Por isso o povo diz que Jesus é Elias, João Batista ou outro profeta que ressuscitou.

ALMA PARA O JUDAÍSMO

A doutrina dos judeus não entendia a alma como independente do corpo. A alma era necessária ao corpo e  junto corpo e alma formavam o homem. A alma não habitava  o corpo e o conduzia como faz um motorista em um veiculo. Corpo e alma estavam permanentemente unidos e um não poderia existir sem o outro. O ser humano era uma alma vivente e não um ser que tinha  alma. Cf. Gn 2,7.

A ALMA NA CONCEPÇÃO GREGA

Esta não dependia do corpo. Era por natureza imortal e alguns até entendiam que precedia o corpo. Este era como a vestimenta da alma.  Por ser espiritual era imortal por natureza a alma podia mudar de corpo quanta vez quisesse. Como entidade livre a alma poderia animar o fazer viver vários corpos com que trocando de roupa.

IMORTALIDADE DA ALMA E RESSUREIÇÃO.

IMORTALIDADE EM JUSTINO (Sec II)

Justino  já professa a fé de que os mortos  estão consciente e são punidos ou  recompensados  logo após a morte. Escreve no Diálogo com Trifão: “ As almas dos homens piedosos fuçarão  num lugar bom , as  dos ímpios  e malvado noutro muito mal, esperando o tempo de juízo. E assim as primeiras, se forem julgadas dignas diante de Deus, nunca mais hão de morrer, as outras, serão punidas por tanto tempo quanto   Deus quiser  que existam e seja castigadas. (Antologia dos Santos Padres, Folch Gomes, Cirilo,São Paulo, Paulinas, 1979 p. 74) Com efeito, para Justino, a morte das almas seriam uma grande injustiça para os bonés e uma vantagem para os maus que não sofreriam imediatamente pro seus atos.

IMORTALIDADE DA ALMA NA IGREJA ANTIGA E  MEDIEVAL.

Logo após a morte as almas ganham um destino eterno. No céu ou no Inferno. A ressurreição é apenas uma confirmação desta situação. O corpo ressuscitado será o mesmo que temos, mas não haverá mudança de estado após a Ressurreição. Há quase uma  autonomia absoluta da alma semelhante à  concepção grega. Esta é imortal porque foi criada para ser imortal. Faz parte da sua natureza a imortalidade. Por isso a ênfase em salvar a alma. Nesta compreensão a ressurreição da carne é secundária. O corpo ressuscita apenas para se unir alma e compartilhar de seu  sofrimento ou  da glória. Mas a alma por si mesma é que detém todas as propriedades da pessoa: Consciência, vontade, inteligência e absoluta autonomia em relação ao corpo.

IMORTALIDADE DA ALMA NA TEOLOGIA MODERNA.

Aqui há uma retomada da concepção hebraica. Alma e corpo formam uma unidade. Um não vive sem o outro. Alguns teólogos afirmam  que a ressurreição se dá logo na norte. Como não haveria mais o tempo na outra vida, logo após a morte, se daria o juízo final e alma se veria  no fim dos tempos. Difícil conciliar com o que pregou e acreditava Jesus. Em todo o Novo Testamento o fim dos tempos é  um evento  cósmico universal e que se identifica com a volta do Cristo. Dá-se no tempo e progressivamente. (Cf. Jo5,29; Mt  25,31-46;) Alem disso se todos que morrem ficam livres do tempo então eles se tornam iguais a Deus. Pois só Deus não é preso ao tempo. A Eternidade e Deus são uma e mesma realidade. “Para o cardeal Ratzinger, a eternidade, como posse total e simultânea do todo, é própria apenas de Deus. Somente Deus há o eterno presente.” Pe. Elílio de Farias Matos Junior, artigo Entre a morte e Ressureição Parte III. Outros entendem que a alma  sozinha não está completa. Reafirmam com ênfase a Ressurreição do  corpo para se refazer esta unidade que forma a pessoa humana,  pois esta é  composta de corpo e alma. Mas entendem  a alma como  o motor de um automóvel.

“Para poder desabrochar  na plenitude do seu ser , para ser inteiramente aquilo que deve ser , a alma precisa do corpo, porque foi criada para  estar unida a ele e estaria incompleta sem ele (…)Com perdão da comparação , um tanto rudimentar ,estamos diante de algo semelhante a motor de um automóvel  que está projetada para funcionar  em conjunto com o corpo desse automóvel. A Sabedoria do Cristão,  Trese, Leo J.  Tradução de  Roberto Vidal da Silva Martins, Rei dos Livros, Lisboa, 1992 p. 27

Neste caso a alma está viva apenas para Deus, na mente do Eterno ou não teria uma vida espiritual plena. Como bem continua o autor no mesmo livro “É bem possível retirar um motor e pô-lo a funcionar sob uma bancada,  isolado do chassi…” A Sabedoria do Cristão,  Trese, Leo J.  Tradução de  Roberto Vidal da Silva Martins, Rei dos Livros, Lisboa, 1992 p. 27 Mas que utilidade teria um motor de automóvel sem o automóvel? E porque colocá-lo para funcionar sem o próprio automóvel?  Neste caso a alma não teria o pleno domínio de seus atributos que são a consciência, a vontade e a relação  com outros e  com Cristo e Deus. Seria inútil e desnecessário sobreviver à morte.

REUSSUREIÇÃÃO E IMORTALIDE DA ALMA: UMA CONCILIAÇÃO POSSIVEL

Compreendendo que sendo o ser humano composto de alma e corpo, ele não é só a alma e nem muito menos só corpo. Então a morte desfaz esta unidade. A sobrevivência da alma não implica na sobrevivência da pessoa. A alma está para o corpo como um chip está para um celular.  Ou um programa de computador  está para  a CPU, a parte material do mesmo. Posso ter o chip ou programa, mas este só funciona se eu tiver o aparelho. No entanto se tanto a alma e o corpo se destroem com morte, a ressurreição consistiria em uma nova criação da pessoa. Uma espécie de clone da pessoa morta. E desta foram não seria uma verdadeira ressurreição. Sendo alma que possui todas as faculdades espirituais tais como racionalidade, vontade e consciência, a Ressurreição individual se dá na hora  morte e não depois da morte, num sentido de uma morte total da alma e do corpo. Neste caso a alma forma um veículo sutil ou provisório substancialmente idêntica à si mesma. Este “corpo” não é o nosso corpo humano atual ressuscitado. É um “veículo”  da alma e para a alma . Um meio para a sua plena manifestação no mundo espiritual. Nem tampouco é um corpo espiritual, o corpo sutil ou astral,  no sentido como  o  entendem os esotéricos e os  espíritas ( o Peri – espírito)  já que não está unindo   o nosso corpo mortal à alma e não é um terceiro composto da natureza humana. É um veículo que possibilita alma manter relação com Deus e  com as outras almas. Que lhe dá a possibilidade de manifestar-se no mundo físico porem de forma indireta, provocando sensações  aos  sentidos dos vivos, que são ocasionados pela alma com a permissão de Deus. Esta é a razão das aparições dos muitos santos. Este “corpo da alma” difere do corpo da ressurreição final porque na ressurreição teremos  o  nosso próprio corpo material idêntico ao nosso que já se desfez no tumulo.”Ele vai transformar o nosso corpo frágil  tornando-o semelhante ao  seu corpo glorioso.” (Fl 3,21). O corpo ressuscitado no último dia será um corpo substancialmente idêntico ao corpo humano biológico. Terá a possibilidade de assumir neste mundo todas as propriedades do corpo  atual e ao mesmo tempo todas as propriedades de um corpo espiritual como o descreve São Paulo. (Cf. 1Cor. 15, 12-15; 2Cor 5, 1-5;)  Na verdade este corpo glorioso  é fruto do nosso corpo atual pois nosso corpo humano é como uma semente para o outro corpo ressuscitado.Não poderemos chegar à ressurreição sem passar primeiro por este corpo mortal e este será um corpo apto a  viver em dois mundos. O material e o espiritual.  Tal e qual Jesus que se apresentou comendo e podia ser tocado e sentido com carne e osso. (Cf. Lc 24, 36-43; Jo 20, 27; Jo 21, 1-14)) Não foi uma visão  provocada pela alma. Foi uma relação física verdadeira. Jesus se quisesse e fosse conveniente poderia viver agora aqui na terra tal como viveu antes de morte. Todas as faculdades físicas do seu corpo funcionariam normalmente. Da mesma forma no mundo espiritual Jesus tem como manter  comunicação real com todos os mortos inclusive com aqueles que ainda não ressuscitaram no corpo glorioso do final dos tempos. Pois ele é o Senhor dos mortos e dos vivos. (Rm 9,14). Isto em vista da alma ter um “pré- corpo” um corpo psíquico com o diz São Paulo em 1Cor 15, 44) De ter Deus dotado a alma da imortalidade na hora da morte  e esta possuir outra tenda nos céus  logo depois da morte. (2Cor 5, 1-8) Mas se é assim então porque ressuscitar o corpo humano material e idêntico ao que a  pessoa tinha antes de morrer? Muito simples. Este “corpo” substancialmente idêntico à alma não é um corpo humano. Não é substancialmente idêntico ao nosso que se desfez no túmulo. (Jo 5,29).”Não vos admireis com isto: vem a hora em que todos os que repousam no sepulcro ouvirão a sua voz e sairão.” Jo 5,28. Os que repousam no sepulcro são apenas todos os que morreram. O texto não indica que os mortos estejam literalmente nas sepulturas, já que este repouso se refere ao corpo e não a alma, ou à consciência individual. No caso, esta espécie de corpo ou veículo da alma é o meio para  que esta  possa  estabelecer relações umas com as outras e com o Cristo Ressuscitado. Seria como um  Hardware provisório, para um software (alma) que não foi destruído com a morte. Na verdade ele é criado em vista da ressurreição do corpo glorioso e se desfará neste com a ressurreição da carne  no ultimo dia..  Por isso Jesus diz que os mortos ressuscitam logo na hora da morte e também no final dos tempos. Cf. Mt  22, 29-32; Lc 20,34-36; Jo  11, 25) Além  disso nunca uma alma poderá  se manifestar  como uma pessoa ressuscitada neste mundo  e nem tampouco viver nele. A ressurreição se dá no  final dos tempos porque teremos  uma outra Terra livre do mal  e do pecado, em que habita a justiça  e em que os ressuscitados poderão  viver como antes da morte.Um mundo vindouro como refere Jesus ou um mundo renovado como se ler em  certas traduções do Novo Testamento. (cf. Luc 20,34) em que os maus não estarão mais presentes. Serão cidadãos de um novo mundo e de dois mundos . É neste sentido  que São Pedro diz que haverá um novo céu (onde os corpos ressuscitados manifestam suas faculdades espirituais e  outro onde os ressuscitados podem viver  normalmente em uma nova Terra como pessoa,  com  corpo e alma. .( 2Pd 3, 13 ). O Universo estará  preparado para as duas realidades  que constituem a pessoa humana. Esta é a liberdade da natureza de que fala o Apostolo Paulo.(Rm 8, 19-21) O corpo e a  alma  juntos para sempre num universo incorruptível manifesta a  absoluta vitória sobre a morte.(1Cor 15, 26.50-55) É uma vitória absoluta  já que a morte não será mais necessária  nem mesmo do ponto de vista da matéria e da vida. Sem a morte de outros seres se  extinguiria  também a  vida na terra  porque um ser  depende da morte dos outro para sobreviver. A morte é um fenômeno puramente natural em relação à vida. Mas para seres racionais-nós humano- os únicos que possuem a consciência da própria mortalidade a morte é uma tragédia inaceitável. Uma verdadeira punição, pois aspiramos à imortalidade sem passar pela morte.Assim como na terra temos o instinto de sobrevivência nossa alma traz em sim o instinto de imortalidade. Nenhum ser racional aceita a morte como um bem, se estiver física e psicologicamente saudável. Nem mesmo a esperança do céu após a morte motiva um ser humano a morrer. Bem gostaria de ir para o céu, alem de bem idoso,sem precisar morrer.Por isto a própria morte é a verdadeira punição pelo pecado, que só poderia ser cometido, por seres racionais e livres.Desejaríamos ser revestidos do corpo imortal sem morrer como disse o Apostolo São Paulo. (2Cor 5,4).

Também não haverá  com a  ressurreição,  a  necessidade de alimento material . Viver-se-á da gloria de Deus e de sua luz. Não haverá transformação da matéria pela morte  na nova terra.  Porque ressuscitado e mantendo as faculdades próprios de um corpo físico, estão livres da dependência destas necessidades físicas. Poderão se alimentar por  prazer  e devido a sua real materialidade porém  nunca por necessidade. Desta forma a imortalidade da alma ou a  sobrevivência desta por uma primeira ressurreição na morte (Ap 20,6) e a ressurreição corporal ao fim dos tempos, ficam conciliadas, eliminando-se as contradições de uma concepção dual do ser humano, como a entendia a filosofia grega  estranha à concepção bíblica do ser humano,excluindo-se  também  a  recriação da pessoa se a ressurreição da se desse depois da destruição do corpo e da alma na hora da morte e fazendo-a  igual a Deus, concedo-lhe uma eternidade absoluta, por esta entrar no final dos tempos ao morrer, ou então concedendo à  alma   uma liberdade absoluta em relação ao corpo, relegando  a ressurreição da carne a  um mero complemento, sem necessidade, ou simples acréscimo à alma, que por si mesma constituiria a pessoa;  quando na verdade  esta é uma unidade indissolúvel  de corpo e alma.

A ALMA É IMORTAL POR SUA PROPRIA NATUREZA?

A Rejeição da imortalidade da alma entre os teólogos modernos decorre do fato de que esta concepção seria uma infiltração da concepção grega sobre a pessoa humana. No entanto a Doutrina da imortalidade da alma foi definida pela Igreja é esta fundamenta o juízo particular ocorrido logo após a morte. Muitos teólogos entendem que ao morrer, tanto morre a alma como o corpo. E a ressureição se dá logo após a morte e o morto já está na ressureição final. Esta teoria teológica é defendida entre outros, pelo Teólogo Leonardo Boff. E não se harmoniza como a doutrina tradicional da Igreja.

A alma poderá sobreviver à morte, porque  a pessoa humana  foi criada para a imortalidade e a morte entrou  no mundo por causa do pecado. E não é imortal por sua natureza espiritual. Se assim o fosse não teria sido criada para unir-se a um corpo feito  para ela e dessa forma constituir a pessoa humana. E  dessa forma seriamos iguais aos anjos em natureza, quando morrêssemos, ou então, nossos espíritos poderiam ser  pré-existentes ao corpo, como crerem muitas doutrinas espiritualistas.

A imortalidade da alma decorre da futura ressureição e não de sua própria natureza espiritual. Pois sendo, a alma, a forma do corpo de acordo com Santo Tomás de Aquino, se esta morresse junto com o corpo, não teríamos verdadeira ressurreição, pois tanto a alma como corpo seriam novamente criados. E o corpo unido novamente a esta alma, não seria substancialmente, idêntico àquele que se decompôs no sepulcro. Estaríamos de fato perante a uma recriação da pessoa humana; algo como que um clone daquele que morreu; mas não uma verdadeira ressureição. Nem nos tornaremos iguais a  Deus,  possuindo a eternidade absoluta,  se a ressureição e juízo final  fosse  logo após a morte,  como a entendem os teólogos modernistas. Além disso, teríamos por toda eternidade dois mundos paralelos e jamais a vida de um novo mundo, onde se manifestaria o triunfo de Cristo e a derrota do mal.

A doutrina daí imortalidade da alma, mesmo influenciada pela  concepção dualista grega, da natureza humana, foi providencial para que o mistério da ressureição dos corpos implicasse num verdadeiro  ressurgimento da pessoa humana. Não haveria  de fato ressureição se desta nada não é conservado. Então a alma deve à sua imortalidade por causa da ressurreição do corpo e da reconstituição da pessoa e não é um direito decorrente de sua própria natureza espiritual.

O CASO DOS QUE MORREM ANTES DA IDADE DA RAZÃO

Nosso Senhor é bem claro no que se refere aos meios da Salvação eterna. O fundamental é professar a fé nele como o único nome por meio do qual temos a salvação da condenação eterna, renunciar ao mal e praticar o bem. No entanto muitos morrem sem a capacidade de fazer esta escolha, como é o caso dos que falecem antes de crer ou de fazer o bem e renunciar ao mal; Isto ocorre com os   que são abortados ou morrem logo depois de nascer. Até o presente nunca li uma teoria teológica ou pronunciamento do magistério da Igreja que solucionasse esse problema. Em relação aos que morrem sem batismo a Igreja indica o limbo (Estado de bem aventurança sem a contemplação de Deus) ou conforme o  Novo Catecismo da Igreja Católica, esta em sua liturgia os entrega à misericórdia de Deus. (CIC Nº 1258-1283). Outros entendem que a salvação estaria garantida a todos os que morrem antes da idade da razão porque nunca pecaram. Mas seriam injusto que uma pessoa criada para salvar-se em Cristo obtenha a salvação por haver morrido antes de realizar esta escolha e exercer o livre arbítrio, preferindo  o bem e evitando o mal. Mais  vantajoso  seria  morrer  no ventre materno ou logo ao nascer, que crescer e correr  o risco de perder-se para sempre. Não deixa de se apontar neste caso uma injustiça de Deus, que sendo onisciente por certo saberia os que morrem antes de chegar à idade de poder realizar escolhas morais e desta forma já os criaria com a salvação garantida. Perante  esta situação os  que  crêem na reencarnação se apóiam para tornar evidente que Deus nunca criaria almas para deixá-las sem a possibilidade de desenvolvimento e que se as criou para Terra, justo seria que as enviasse novamente a terra para que tal e qual os outros tivessem a possibilidade de desenvolver todas as faculdades inerentes à alma: Racionalidade, liberdade e vontade. Porem como definimos anteriormente, a alma não é um hóspede num corpo destinada a mudar de corpos. A alma é parte  fundamental da  pessoa humana e forma uma unidade com o corpo de modo que cada alma foi criada para um corpo e o corpo para ela. A morte desfaz esta unidade que a Ressurreição final Irá refazer. Porem como fica  o caso dos que morrem antes da idade adulta ainda incapazes de discernir entre o mal e o bem? Entre a fé e a infidelidade  a Cristo? Deus ao criar todas as criaturas juntamente com estas criou todas as possibilidades possíveis a estas criaturas. Em relação aos seres vivos, as possibilidades de não crescer, de procriar ou não reproduzir-se, de morrer antes de desenvolver-se, de adoecer, das deficiências físicas; de nascer apenas para um dia ou um minuto na terra. Alem daquelas que originadas por causa do pecado. No que se refere aos seres racionais- os humanos- Deus na sua onisciência eterna previu que muitos morreriam antes da idade da razão e definiu para estas um estado espiritual em conformidade com o seu desenvolvimento. Jesus afirmou: ”Na casa de Meu Pai há muitas moradas” Jo 14,2 Estas moradas se referem aos estados de desenvolvimento de cada pessoa na hora da morte. Os que morrem antes de nascer e na infância por certo irão para o estado conveniente ao seu nível de desenvolvimento racional. E podem desenvolver-se espiritualmente porque as faculdades da alma como a possibilidade de conhecer, crescer no amor e na vontade de servir a Deus, não acabam com a morte. São Paulo Apóstolo também indica que foi arrebatado ao terceiro Céu. 2COR 12, 2-4, confirmando as muitas moradas eternas conforme indicara Jesus. Estas almas que deixaram esta vida logo no início de sua jornada na terra, para as quais não foi possível exercer o livre arbítrio, estão confirmadas na glória por uma liberação de Deus, mas podem progredir na gloria pós-morte e alcançar maior felicidade dependendo de sua disposição em voltar-se cada vez mais para Deus, porque também diz o apostolo São Paulo: “ …quer estejamos vigilantes ou adormecidos esforçamos por agradar-lhe.”2 Cor 5,9. Acada nível de desenvolvimento uma morada conveniente. Por isso Jesus disse aos Apóstolos: “Na casa de meu há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vós.” Jo. 14, 2 Sem duvida a morada dos mártires, dos apóstolos e confessores, daqueles que muito batalharam para manter a fé,  não será a mesma para um indivíduo que morreu logo no alvorecer da vida na terra, ou para  aquele que chegou a este mundo e viveu apenas alguns minutos; no máximo poucos anos de vida  ou faleceu antes do nascimento. Assim os abortados, os que morrem antes da idade da razão, os que nunca ouviram falar de Cristo, os pagãos que agirem em conformidade com sua consciência, e obedecerem à lei natural, terão a morada peculiar ao seu estado quando saírem deste mundo. Deus é absoluta justiça e não criaria uns para conquistar a vida eterna após muitos perigos, muitas tentações, e outros para a mesma gloria que os primeiros, pelo simples fato de morreram logo no iniciar da vida terrena. Não há uma só possibilidade inerente às criaturas, que Deus não tivesse prévio conhecimento e juntamente com este a solução adequada. Como toda criação é imperfeita por ser criação e ao mesmo manifesta perfeição possível, por haver sido criada por Deus, Deus providenciou  que todas as criaturas chegassem a  receber o que lhes é devido, no caso de nós humanos, o que é adequado a situação de cada pessoa nascida nesta terra. No que se refere aos corpos destes que morrem precocemente, eles ressuscitarão com um corpo material glorioso, que está liberado das limitações do corpo presente e poderão assumir a forma do corpo adulto que não tiveram na terra.

CONCLUSÃO

A alma não constitui uma entidade separada do corpo e independente deste. Tendo sido criada para o corpo e este para esta, um não pode existir separado do outro indefinidamente. Se a alma fosse por natureza própria imortal, a punição pelo pecado seria a sua união com o corpo, a sua descida à matéria, como acreditavam os gnósticos e crêem hoje, os esotéricos e espíritas. A finalidade da existência seria libertar-se da prisão da matéria e não a morte, pois sendo independente em relação ao corpo o ideal de existência da alma seria libertar-se de sua prisão ao corpo.
Porem  a morte do corpo não implica também na morte da alma e a entrada do pessoa no ultimo dia, na ressurreição final em que dois mundos paralelos nunca haveriam de se encontrar e fazendo a pessoa, possuidora da eternidade tal e qual Deus, porque estaria livre do tempo. Deus ao criá-la a fez para uni-la ao corpo e constituir a pessoa. Tendo entrado o pecado no mundo, pela desobediência dos primeiros pais, este trouxe a morte. Sem o pecado, nós em enquanto pessoas,  estaríamos destinados à glorificação sem passar pela morte, Conforme Paulo escreveu em relação aos vivos, por ocasião da segunda vinda de Cristo.”Sim vou lhes dizer um segredo: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados. 1 Cor. 15,51s. Deus nos criou para a ressurreição e não para sermos almas penadas; em vista desta ressurreição a alma possui a imortalidade como dom de Deus.

A imortalidade da alma é, portanto, dom de Deus concedido na hora da morte. Os homens têm o poder para tirar a vida do corpo, mas nada podem fazer à alma. ”Não temam aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” Mt10,28.Deus poderia destruí-la, mesmo sendo ela espiritual. Mat. “Temam, sim aquele que fazer perecer a alma e o corpo no inferno.” Mt10,28A  imortalidade não vem da própria natureza da alma porque o pecado trouxe a morte da pessoa completa; porém em virtude da ressurreição de Cristo e em vista da ressurreição futura da pessoa, a alma  é preservada da morte. Criada do nada para a existência e unida a um corpo próprio e definitivo, a separação entre alma e corpo é a verdadeira punição do pecado, conforme afirma Paulo “O Salário do pecado é a morte” 1Cor 15, 56 Mas a vitória sobre a morte é a Ressurreição da pessoa, corpo e alma, no ultimo dia ,na renovação do mundo,  quando Deus manifestar a nova terra e o novo céu transfigurados e libertados de toda corrupção,

A alma foi criada para a imortalidade em vista da ressurreição do corpo e o nosso corpo foi criado para a Ressurreição, em vista de reconstituição da pessoa humana e  esta, que é unidade inseparável de corpo e alma, para a Vida Eterna com Cristo.

AUTOR: PROF. FRANCISCO SILVA DE CASTRO. ( LICENCIADO EM CIÊNCIAS RELIGIOSAS– ICRE-CE.)
FONTE: CAPTARE’S BATTLE SITE

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Ressurreição dos mortos e imortalidade da alma Empty Re: Ressurreição dos mortos e imortalidade da alma

Mensagem por Admin Qui Jan 29, 2015 4:39 pm

As origens da doutrina da “imortalidade da alma”

Nós vimos no artigo: “Ressurreição ou vida imediatamente após a morte?” que a Bíblia apresenta clara e unanimemente que os mortos estão dormindo e não tem consciência. Apenas para clarear novamente eis alguma das passagens a este respeito:
 
Daniel 12:2 diz:
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”
 
A vida eterna começa não com a morte, mas com a ressurreição! Até aqueles que morreram estão no momento dormindo “no pó da terra”. Veja que Deus não diz a Daniel “e muitos daquelas almas estão agora no céu.”
Assim também com Paulo: ao falar aos tessalonicenses sobre a morte e a esperança que temos na ressurreição, ele falou sobre aqueles que estavam “dormindo:” Veja os termos que ele usa:
 
1 Tessalonicenses 4:13-16
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemos-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro:”
 
A esperança de Paulo, a esperança que Deus nos deu em sua Palavra tem um nome: ressurreição. Em um tempo entre o agora e a ressurreição, alguns de nós, provavelmente todos (dependendo de quando o Senhor voltar – este tempo ninguém sabe) morreremos. Não entraremos em um estado de regozijo no céu ou paraíso. Ao invés disto estaremos dormindo. Onde? No pó do chão, ou como normalmente é chamado na Palavra “Sheol” ou “Hades”, o túmulo. Esta é a verdade contida na Palavra de Deus simples e fácil de entender.
 
Imortalidade da alma: a crença comum vs a Bíblia
A verdade que os mortos estão dormindo agora e voltarão à vida na ressurreição, infelizmente, não é o que a maioria dos Cristãos acredita e que pode ser resumida como segue:
 
“Uma pessoa é composta de corpo e alma. O corpo é o físico carne-sangue “couraça” que funciona como uma casa para a alma. A alma é a parte imaterial, a mente, os sentimentos, etc. Na morte a alma deixa o corpo e continua a viver conscientemente para sempre no céu ou no inferno.”
 
No artigo “corpo, alma e espírito” nós lidamos com a alma e o que ela é exatamente. Talvez não haja um resumo melhor para o significado da palavra hebreia (“nephesh”), traduzida como “alma” na Bíblia, do que aquela dada pelo dicionário Vine:
 
“Nephesh:” Essência da vida, o ato de respirar, tomar fôlego ... O problema com a "alma" do termo Inglês é que nenhum equivalente real do termo ou a ideia por trás dele é representado na língua hebraica. O sistema Hebreu de pensamento não inclui a combinação ou oposição do “corpo” e “alma” da qual são de fato origens latinas e Gregas”(Dicionário Vine Completo de palavras do Antigo e Novo Testamento, 1985, p. 237-238, com ênfases).
 
“Nephesh” (ou “Psuchi” no Novo Testamento grego), alma, é, de acordo com a Palavra de Deus simplesmente um fôlego da vida. Gênesis 2:7 demonstra esta verdade claramente:
 
Gênesis 2:7
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.[“nephesh” em hebraico]. ”
 
Veja que a Palavra não fala da alma como algo separado do corpo. “O homem foi feito alma vivente.” Cada um de nós que respiramos hoje é uma alma vivente. Quando dermos nosso último suspiro, não mais seremos almas viventes. Estaremos dormindo, sem consciência, e como pessoas que dormem profundamente não tem consciência.
 
Se adotarmos a definição que a Palavra de Deus nos dá para alma e não a versão “greco-latina”, como Vine a chama, não teremos então problemas quando entendermos que animais também tem alma.
 
Gênesis 1:20-21
" E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente [nephesh, alma]; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom."
 
e Gênesis 1:29-30
"E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente [nephesh em hebraico], toda a erva verde será para mantimento; e assim foi."
 
Obviamente não há nada metafísico na alma. Qualquer ser que respira, seja homem ou animal, é uma alma vivente. De onde vem então esta crença da imortalidade da alma? Isto é algo que veremos a seguir.
 
Imortalidade da alma: uma crença platônica
Em relação à origem da ideia da imortalidade da alma, Vine já nos deu algumas dicas a respeito: esta crença vem da filosofia grega, defendida especialmente por dois filósofos gregos: Platão e Sócrates. Platão, embora não seja o primeiro a defender a doutrina da imortalidade da alma, ele foi definitivamente o mais eloquente. Como Werner Jaeger da Universidade de Harvard diz:
 
“A imortalidade do homem era um dos credos fundamentais da religião filosófica do platonismo, que foi, em parte, adotada pela igreja cristã.” (Werner Jaeger, “As ideias gregas da imortalidade”, Revisão Teológica de Harvard, Volume LII, Julho 1959, Número 3, com ênfases).
 
Como a Enciclopédia Católica (Tópico: a escola platônica) também nos informa:
 
“A grande maioria dos filósofos cristãos até Santo Agostinho foram platônicos.”
 
O que Platão acreditava a respeito da alma? Platão era discípulo de outro filósofo grego, Sócrates. A obra de Platão “Fédon” é um diálogo no qual retrata a morte de Sócrates. Ele se passa no último dia de vida de Sócrates antes de ser executado, tomando cicuta. Como a Wikipédia diz: “um dos temas centrais no Fédon é a ideia da alma ser imortal”. Poderíamos considerar “Fédon” uma obra que suporta a crença de dois grandes filósofos gregos no assunto. Aqui estão algumas passagens desta obra (tirada do seguinte site: http://classics.mit.edu/Plato/phaedo.html):
 
“A alma é a semelhança do divino e imortal, e inteligível, e uniforme, e indissolúvel e imutável... Ela vai para o puro, eterno e imortal, e imutável, ao qual ela pertence..." (Fédon)
 
E novamente:
“A alma, cuja atitude inseparável é a vida nunca admite vida oposta, a morte. Assim, a alma é destinada a ser imortal, e uma vez imortal, indestrutível ... Não acreditamos que não existe tal coisa como a morte? Com certeza. E isso é qualquer coisa, mas a separação da alma e do corpo? E estar morto é a realização de tal separação, quando a alma existe em si mesma e se separa do corpo, e o corpo é partido da alma. Que é a morte .... A morte é apenas a separação da alma e do corpo." (com ênfases)
 
Mais ainda:
“Alegrai-vos e não choreis minha partida...Quando colocar-me no túmulo, diga que está enterrando meu corpo, não minha alma.”
 
O que Platão e Sócrates dizem soa familiar? De fato, sim. Poderia ser o resumo da crença da maioria dos cristãos!
 
Como o historiador da igreja Philip Schaff diz:
“Platão dá destaque também para a doutrina de um estado futuro de recompensas e punições. Na morte, por uma lei inevitável do seu próprio ser, assim como pela nomeação de Deus, cada alma vai para o seu lugar, o gravitacional mal para o mal e do bem subindo para o bem supremo.” (A Nova Enciclopédia Schaff-Herzog de Conhecimentos Religiosos, artigo: platonismo e cristianismo).
 
Tudo parece de fato ter sido escrito por um pregador cristão contemporâneo. De fato, compare o que lemos sobre Fédon com o que a maioria dos pregadores célebres do Cristianismo Contemporâneo diz sobre nosso tema:
 
“….você é uma alma imortal. Sua alma é eterna e viverá para sempre. Em outras palavras, seu real “eu” – sua parte pensante, sentimentos, sonhos, desejos, o ego, a personalidade – nunca morrerá....sua alma viverá eternamente em um dos dois lugares – Céu ou inferno...Se somos salvos ou perdidos, há consciência e existência da alma e personalidade.” (Billy Graham, Paz em Deus, capítulo 6, parágrafos 25 e 28).
 
Agora compare isto com o que Deus e Seu arqui-inimigo, o diabo, diz em Gênesis 2 e 3:
 
Gênesis 2:16-17, 3:4
“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás... Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.”
 
A primeira coisa que foi ensinada ao homem é – embora caído – supostamente imortal era o diabo no jardim do Éden. Compare “certamente não morrereis” com a doutrina da imortalidade da alma. “Sua alma é imortal e viverá para sempre”, Billy Graham disse. Embora o respeite muito, a mesma coisa disseram também Platão e Sócrates. De acordo com eles: não uma morte real. “Certamente não morrereis”, sua alma apenas deixa o corpo e vive eternamente no céu ou no inferno, dependendo do que se tem feito”. Irmão, isto não é uma crença Cristã, é uma crença pagã, ensinada primeiro pelo pai da mentira no jardim do Éden.
 
Imortalidade da alma: Tyndale e Lutero
Vejamos agora o que dois grandes reformadores pensam sobre a doutrina da imortalidade da alma. Tyndale aquele grande reformador e reverenciado tradutor da Bíblia, que foi queimado na estaca, disse sobre a doutrina da imortalidade da alma, respondendo ao defensor Papal Thomas More :
 
“Ao colocar as almas que partiram no céu, no inferno, ou no purgatório, destruís os argumentos com os quais Cristo e Paulo provam a ressurreição. . . E ainda, se há almas no céu, por que elas não estão em uma boa posição como os anjos? Se a alma está no céu, dizei-me que motivo há para a ressurreição?... a fé verdadeira posta (estabelecida) a ressurreição, a qual somos advertidos a buscar a todo momento. Os filósofos pagãos, negando isto, declaram que as almas sim vivem. E o Papa une a doutrina espiritual de Cristo e a doutrina carnal dos filósofos, coisas tão contrárias que não tem como estarem de acordo. Não mais como o espírito e a carne no homem cristão. E por essa mentalidade carnal de um papa ao consentir uma doutrina pagã, portanto ele corrompeu a Escritura Sagrada para estabelece-la. (Resposta ao diálogo de Sir Thomas More (reimpressão Parker 1850), pp. 180, 181., com ênfases)
 
E disse também:
“Eu me maravilho de que Paulo não tenha reconfortado os Tessalonicenses com esta doutrina (da imortalidade da alma) se soubesse que as almas de seus mortos estavam em gozo, assim como ele sabia da ressurreição, que seus mortos viveriam novamente. Se as almas estão no céu, em estado de glória como os anjos, conforme sua doutrina, diga-me então para que a ressurreição” (Resposta ao diálogo de Sir Thomas More (reimpressão Parker 1850), pp. 118., com ênfases).
 
Mais ainda, Martín Lutero, o grande reformador Alemão, em resposta à mesma Bula de Leão X, classificou a imortalidade da alma como “opinião monstruosa”. Eis aqui o que ele disse:
 
“Contudo, permito ao Papa estabelecer artigos para ele mesmo e seus fiéis seguidores, tais como: Que o pão e o vinho são substanciados no sacramento, que a essência de Deus gera não é gerada, que a alma é a forma substancial do corpo humano, que ele (o papa) é o imperador do mundo e rei do céu e um deus terreno, que a alma é imortal, e todas essas monstruosidades sem fim...( Afirmação de todos os artigos de M. Lutero condenados pela última Bula de Leão X), artigo 27, Weimar edição das Obras de Lutero, vol. 7, pp 131, 132, com ênfases)
 
O estudioso Luterano Dr T. A. Kantonen (A esperança Cristã, 1594, p. 37), resumiu a posição de Lutero sobre a morte com essas palavras:
 
"Lutero, com grande ênfase na ressurreição, preferiu concentrar na metáfora da escritura do sono. “Pois assim como quem dorme e alcança o amanhecer inesperadamente ao acordar, sem saber o que aconteceu com ele, também devemos ser despertados de repente no último dia sem saber como entramos na morte e passamos por ela. Dormiremos, até que Ele venha e bata no nosso túmulo e diga, Doutor Martin, levante-se! Então ressuscitaremos prontamente com ele para sempre.”
 
Não poderíamos concordar mais com esses dois grandes reformadores. A morte é sem dúvida dormir. Não existe tal coisa de alma imortal. O conforto da Bíblia é NÃO o conforto da maioria dos pregadores dão nos funerais, ou seja, que a alma morta, supostamente está viva. Este foi o conforto de Platão e Sócrates ao ensinar seus alunos convertidos. (Eu lembro novamente a citação da Enciclopédia Católica: “A grande maioria dos filósofos cristãos até Santo Agostinho foram platônicos”.) Continuaremos a acreditar nisto ou voltaremos nossos ouvidos para o que a Palavra de Deus diz?
 
Imortalidade da alma: outras fontes, os fundadores da Igreja
A imortalidade da alma é algo contrário às escrituras e é também estabelecida pela enciclopédia Judaica que diz a esse respeito:
 
"A crença de que a alma continua existindo após a morte do corpo não está nos ensinamentos da Sagrada Escritura... a crença da imortalidade da alma vem de judeus que tiveram contato com os gregos, de modo especial sobre a filosofia da Platão e seus princípios, que foi conduzido por meio dos mistérios Órficos e Eleusianos dos quais os egípcios e babilônios foram estranhamente misturados.” (A Enciclopedia Judaica, artigo, “imortalidade da alma, com ênfases).
 
De modo similar a Enciclopédia Bíblica internacional diz:
“sempre fomos influenciados de certa forma pelas ideias gregas, platônicas de que o corpo morre, mas a alma é imortal. Tais ideias são completamente contrárias à consciência israelita e não relato disso no Antigo Testamento.” (1960, Vol. 2, p. 812, “Morte”)
 
Irmãos, a alma NÃO é imortal. A alma é apenas para dar vida ao corpo. Você respira. Você tem alma. Assim também para os animais: eles são almas viventes. Você morreu, não há mais alma. A esperança dos Cristãos se apoia em apenas uma única doutrina: a doutrina da ressurreição dos mortos. Quando Paulo foi para Atenas, a capital do filósofo grego, a casa de Platão e Sócrates, ele pregou: “Jesus e a ressurreição” (Atos 17:18). Desde então o conceito da imortalidade da alma de espalhou por toda Grécia. Mas Paulo não disse isso para reiterar a mentalidade da filosofia grega. Ao contrário, ele pregou a única doutrina verdadeira sobre o assunto: a doutrina da ressurreição. Paulo não comprometeria a verdade reiterando os filósofos e suas opiniões. De fato aqui está um alerta para todos a este respeito:
 
Colossenses 2:8
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.”
 
A palavra “filósofos” é a palavra usada em atos 17:18 para descrever os epicuristas e estoicos que ridicularizavam Paulo, porque ele estava pregando a ressurreição. É a palavra usada por Platão, Sócrates e todos os demais para descreverem a si mesmos. Eles eram filósofos e suas obras eram uma só: filosofia. Enquanto Paulo alertava: “cuidado para que ninguém vos prenda pela filosofia” – os fundadores da igreja – a maioria deles – foram capturados por ela. Por exemplo, o Dicionário Teológico Evangélico diz sobre a origem, os fundadores da igreja são descritos pela Enciclopédia Britânica como: “os teólogos e bíblicos mais importantes do início da igreja grega”.
 
“Especulação sobre a alma na igreja sub apostólica foi fortemente influenciada pela filosofia grega. Pode-se ver isto na aceitação da origem da doutrina platônica da preexistência da alma como mente pura (nous)...” (1992, p. 1037, “Alma”)
 
Aqui está o que a própria Origem escreveu:
“. . . A alma, tendo sua substância e vida em si mesma, deverá após sua partida do mundo, ser recompensada de acordo com que ela merece, ser destinada para obter uma herança de vida eterna e benção...ou ser mandada para o fogo eterno e punição...” (Padres pré Nicenos, Vol. 4, 1995, p. 240)”
 
Muitos dos fundadores da igreja, ao invés de rechaçar essas influências filosóficas, eles a cristianizaram, sendo enganados por elas e misturando-as com a verdade da Palavra com um erro da filosofia pagã. Veja o que Ackermann diz a respeito dos Padres da igreja grega, o mártir Justino:
 
"Justino foi como ele mesmo relata um admirador entusiasta de Platão antes de encontrar no Evangelho a satisfação plena que ele tinha procurado intensamente, mas em vão, na filosofia. E, embora o evangelho fosse infinitamente superior em seu ponto de vista do que a filosofia platônica, ainda assim ele considerava a filosofia como estado preliminar para o evangelho.” E do mesmo modo fizeram muitos escritores apologéticos ao se expressarem sobre Platão e sua filosofia.” (Ackermann, Das Christliche im Plato, chap. i., Hamburg, 1835; Eng. transl., The Christian Element in Plato, Edinburgh, 1861).
 
De fato a Enciclopédia Britânica descreve o mártir Justino como “o primeiro cristão a usar a filosofia grega no serviço da fé cristã”.
 
E como o historiador de igreja alemão Philip Schaff diz em sua Enciclopédia:
“muitos dos primeiros cristãos encontraram peculiar atração nas doutrinas de Platão, e as empregaram como armas de defesa e extensão do cristianismo, ou colocaram as verdades do cristianismo em um molde platônico. As doutrinas do Logos e da Trindade receberam a sua forma de Padres gregos, os quais, se não treinados nas escolas, foram muito influenciados, direta ou indiretamente, pela filosofia Platônica, particularmente no modelo Judeu-Alexandrino. Que os erros e corrupções penetraram na Igreja a partir desta fonte não pode ser negada... Entre os mais ilustres dos padres que foram influenciados por Platão, podemos nomear: Justino Mártir, Atenágoras, Teófilo, Irineu, Hipólito, Clemente de Alexandria, Orígenes, Felix Minúcio, Eusébio, Metódio, Basílio, o Grande, Gregório de Nissa, e Santo Agostinho.” (A Nova Enciclopédia de conhecimentos religiosos Schaff-Herzog, artigo: Platonismo e Cristianismo, com ênfases).
 
Imortalidade da alma: conclusão
Concluindo: a doutrina da qual afirma que alma dos mortos se separam de seu corpo e segue vivendo no céu ou no inferno, por que a alma e supostamente imortal, não é uma inovação Cristã. É algo que foi articulado por Platão e Sócrates, os quais por sua vez tiveram grande influência na maioria dos doutores da Igreja, do Mártir Justino até Agostinho. Esta doutrina pagã embora infundada na Bíblia e nos livros do Antigo Testamento, Jesus e os apóstolos foram colocados juntos com as ideias de outros filósofos gregos e renomeado de cristã. Esta doutrina platônica pagã substituiu a verdadeira esperança cristã em relação à morte: “a ressurreição ao soar da última trombeta, porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis.” (1 Coríntios 15:52). Portanto por que a ressurreição dos mortos é mantida como a doutrina da igreja, se afirmam que os mortos tornam-se imortais logo após a morte? Tyndale foi muito direto ao perguntar: “Se as almas estão no céu, em estado glorioso como anjos, conforme sua doutrina mostre-me para que a ressurreição”. A imortalidade da alma não é bíblica, pagã e essencialmente incompatível com a doutrina da ressurreição dos mortos: Não há na verdade nenhum sentido se o morto está vivo agora, pois ressurreição indica que estão vivos”. Como Paulo diz em I Coríntios 15:22-23):
 
“Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.”
 
TODOS serão vivificados. Isto é futuro. A palavra ao dizer que SERÃO vivificados na vinda de Cristo, deixa claro que eles NÃO estão vivos agora. Tudo mais é mentira, independente se seu pastor, sua denominação ou sua santa igreja favorita lhes ensina isto.
 
Você e eu temos uma escolha a fazer: acreditaremos em Deus e sua Palavra, ou acreditaremos em Platão, Sócrates e o que eles trouxeram, por meio de seus discípulos para dentro da doutrina da Igreja? Você quer ser discípulo de Platão ou de Cristo? Fazer a escolha certa significa permanecer de pé contra a opinião popular (e acreditar na imortalidade é popular, estabelecida pela opinião da igreja) e arcar com as consequências. Mas cuidemos disto ou cuidemos da verdade? Importaremos com o que homens dizem ou sobre o que Deus nos diz a esse respeito? Como Paulo nos ensina:
 
2 Timóteo 2:15
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
 
Manter ambas, a Palavra e nossas tradições neste caso não é possível. Uma das duas terá que sair e eu oro para que você faça a decisão correta de qual será.
 
Anastasios Kioulachoglou

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