A herança do filho pródigo...o amor

Um certo dia um jovem sujeito enfadou-se da vida, pediu sua parte dos bens ao pai, que além dele tinha outro filho mais velho. O pai prevendo as dificuldades do filho, não objetou em momento algum ao que consta, repartiu seus haveres entre os dois filhos.

O principiante a inconsequente, sem o temor devido, saiu pelo mundo a gastar sua parte, claramente podemos prever o fim dessa história, aliás o fim do dinheiro, num país longínquo o jovem dissoluto, perdeu todos os seus haveres, começando a passar fome, imediatamente ele lembrou-se do pai, não se sabe se também das considerações, afinal, elas aqui não aparecem no texto de Lucas, é uma mensagem de Cristo, referente aos pecadores que se arrependem, como também um lembrete aos sediciosos, que não compreendem a mensagem do evangelho.

O jovem sem dinheiro, que junto ao pai, deveria ser tratado como justo, foi trabalhar de guardar porcos, nem mesmo a comida deles ele podia comer. Eis que podemos aqui propor um momento de reflexão, como será que estavam se portando os ouvintes, diante  dessa parábola, falando tanto de fariseus, como também dos publicanos pecadores.

Jesus comenta que em determinado momento, a consciência do jovem abriu-se:

"Caindo, porém, em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui estou morrendo de fome! Levantar-me-ei, irei a meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti: já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros. Levantando-se, foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai viu-o e teve compaixão dele e, correndo, o abraçou e beijou. " Lucas 15:17 a 20

Ele sabia que algo estava errado, sabia que havia produzido um grande mau a sua alma, o jovem percebeu que perdeu sua dignidade para os prazeres do mundo, a corrupção da carne venceu-o, de maneira que a humilhação o fez cair em si, ele então propôs em seu coração, pedir perdão ao pai, a única pessoa que ele realmente ofendeu, propôs admitir seu  grave pecado, talvez ele não esperasse a reação do pai, diante do seu arrependimento.

Aqui talvez Jesus tenha tocado muitos corações, quanto choro não deve ter causado essa palavra, ora, eles ouviram que o mesmo pai que concedeu os haveres ao filho, perdendo-o para o mundo, foi o mesmo pai que regozijou quando viu que o filho estava retornando para casa. Talvez ele tenha aumentado o seu caminho, o medo de deparar-se com o pai deve tê-lo confrontado, mas o pai o viu de longe, quantas vezes esse pai compassivo, deve ter contemplado o horizonte, a espera do filho perdido, quantas vezes em seu coração, foi confirmando que em breve ele veria novamente a face do filho.

Na verdade na palavra de Jesus, não consta que na volta, ele tenha repreendido o filho, como dizendo:"não te falei que não era para ir, que não ia dar certo", não ele fez exatamente ao contrário, recebeu seu filho com um beijo, com um abraço carinhoso, "que bom que você está comigo novamente".

O filho confessa ao pai, o seu grande pecado, preferia inclusive que não fosse chamado de filho, afinal ele envergonhou seu pai perante muitos, o pai novamente parece não ouvir a confissão, a misericórdia transborda do seu coração:

"O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei-me depressa a melhor roupa e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;. trazei também o novilho cevado, matai-o, comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho era morto e reviveu, estava perdido e se achou. E começaram a regozijar-se. "Lucas 15:22 a 24

A sensação de prazeres não foi maior que o sofrimento, o jovem arrependido, devia conversar consigo mesmo, como pode alguém que fiz sofrer me receber com tão imenso amor?

Logicamente nem todos compreenderam esse amor, principalmente o filho mais velho, que em todo o tempo que o outro permaneceu esbaldando-se no mundo, ele esteve ao lado do pai, ele claro, não compreendeu a ação do pai, nem poderia, quem de nós compreenderia?

"Ele se indignou, e não queria entrar; e saindo seu pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos; mas quando veio este teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. " Lucas 15: 28 a 30

O irmão em nenhum momento esteve alegre, para ele pouco importava que o perdido, havia agora sido achado, os ouvintes de Jesus, deviam estar absortos com essa misteriosa parábola, um irmão em todo tempo permaneceu ao lado do pai, o outro em todo tempo ficou longe do pai, afinal, qual dos dois o pai deveria amar mais? qual deles deveria ser reconhecido honrosamente?

O pai simplesmente respondeu:

" Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; entretanto cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se achou. " Lucas 15:31 a 32

Bem aventurado é aquele que ama em todo o tempo, a maior herança que um homem pode ter, é o amor derramado em nossos corações. Naquele grandioso momento, no término dessa parábola, confirmaria-se que não importa a divisão dos bens materiais, nem as justificativas que nós utilizamos, para representar que temos mais testemunho, que somos mais corretos, mais aptos para o reino dos céus que os nossos irmãos, cujo nosso pensamento, era que além de deserdados, fossem expulsos da nossa convivência, simplesmente porquê foram escravos do mundo, vivendo a vida dissoluta que ele impôs. Naquele momento Jesus estava explicando a sua missão, como ele mesmo diria:

"Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende." Lucas 15:10

Aquele que propõe em seu coração, considerar o arrependimento do seu próximo, consegue penetrar o raciocínio de Cristo, a sua compaixão pelo mundo. Somente o Filho de Deus, tem a capacidade de renovar as esperanças, de fazer cair as escamar dos olhos, de retornar o perdido do seu caminho, de fazer-nos compreender o que representa o amor.

"Se eu falar as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver caridade, tenho-me tornado como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Se eu tiver o dom de profecia, e souber todos os mistérios e toda a ciência; se tiver toda a fé a ponto de remover montes, e não tiver caridade, nada sou. Se eu distribuir todos os meus bens em sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se todavia não tiver caridade, isto nada me aproveita. A caridade é longânima, é benigna, a caridade não é invejosa, não se jacta, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se regozija com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. " 1 Cor. 13:1 a 7

O filho pródigo não tinha outra herança para receber, senão o amor redentor do pai...