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Amizade entre cego, amputado e jornalista emociona público na Paralimpíada
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Amizade entre cego, amputado e jornalista emociona público na Paralimpíada
Parecia uma cena de filme: Dartanyon Crockett, 25, respirou fundo ao ser premiado com a medalha de bronze do judô para atletas cegos ou com baixa visão. Recebeu o mascote Tom, que lhe foi ofertado pela organização da Rio-2016 como lembrancinha do pódio. Acenou para o público, baixou a cabeça e falou algumas palavras para si mesmo.
Trata-se de uma história que começou a se tornar pública quando a ESPN dos Estados Unidos produziu um mini-documentário falando da vida de Crockett em Akron, Ohio. E este vídeo viralizou na internet por volta de 2013.
Era mais ou menos assim: um jovem quase cego, filho de pai viciado em crack e órfão de mãe, faminto, pobre, negro, carregava, todos os dias, nas costas para o treino de wrestling (luta olímpica) o melhor amigo, igualmente faminto, pobre, negro, porém amputado das duas pernas após ser atropelado por um trem.
O cego é Crockett. O amputado, Leroy Sutton. O primeiro é afável e calmo. O segundo, agitado e ácido nos comentários. A história cativou Lisa Fenn, então produtora da ESPN americana.
Para filmá-los, ainda em 2009, Lisa teve que ir acompanhada da polícia, porque o bairro era (e ainda é) reduto de gangues. A jornalista acompanhou a rotina dos dois amigos por mais de seis meses. O documentário foi ao ar naquele mesmo ano. A vida seguiu.
Três anos mais tarde, Lisa decidiu largar a carreira de jornalista e se dedicar a “cuidar” dos dois amigos. Sentiu-se tão tocada com a situação da dupla que não conseguiu levar a vida adiante sem os dois. Passou a dar assistência diária a eles. Publicou um livro chamado “Carry On” (Continuar, na tradução livre), jamais publicado no Brasil. Conseguiu o apoio de empresários, amigos, familiares, desconhecidos. Tirou Crockett e Sutton da miséria e do bairro de gangues. Deu-lhes apoio para continuar no esporte.
Diretores da federação de judô dos Estados Unidos assistiram ao documentário da ESPN e foram ao encontro de Dartanyon Crockett. Convenceram-o a aderir ao esporte, que faz parte do programa paraolímpico para atletas cegos e com baixa visão, diferentemente dos amputados, que é o caso de Leroy Sutton.
Crockett aceitou a mudança e obteve sucesso. Classificou-se para os Jogos Paraolímpicos de Londres-2012. Conseguiu o bronze após cair na semifinal para o britânico Samuel Ingram. Quatro anos mais tarde, os dois judocas voltaram a se enfrentar. Desta vez, no Rio-2016, na disputa pela medalha de bronze.
Leia também:
Lisa Fenn e Leroy Sutton estavam em meio à torcida que lotou a Arena Carioca 3 no dia 10.set.2016. Crockett passara os últimos quatro anos no embalo do sucesso do documentário viralizado, porém com dificuldades de obter grandes resultados no judô. Sofreu diversas lesões e teve dificuldades para se classificar para a Rio-2016. Chegando nas Paraolímpiadas, caiu na semifinal para o georgiano que viria a ser o medalhista de ouro.
O destino o colocou de novo frente à frente com Samuel Ingram, o britânico de quem perdera na semifinal em Londres-2012. Foi uma luta truncada e difícil, decidida nos segundos finais. Crockett tem apenas 1,73m de altura, quase 10cm a menos que Ingram. A vitória veio nos segundos finais, com a pontuação mínima. Ele explodiu de alegria no tatâmi.
“Sinceramente, não acreditava que ele pudesse chegar tão longe. Foi um ciclo paraolímpico muito difícil para ele desde Londres-2012”, disse Lisa Fenn ao UOL Esporte, com os olhos cheios de lágrimas. “Irmão, sendo honesto, eu achei que ele poderia ser melhor. Mas tudo bem, pelo menos chegou ao pódio”, completou Leroy Sutton, com seu humor ácido, um dos traços marcantes do documentário de Lisa Fenn à ESPN.
A jornalista, hoje tutora e “irmãzona” dos dois amigos, como ela mesma diz, explicou que aquele momento no pódio, em que Crockett respirou fundo ao receber a medalha e o mascote Tom com cabelos cor de bronze, antes de acenar para o público e falar algumas palavras para si mesmo, de fato vai ser de filme.
Uma equipe de filmagem acompanhou os passos do agora trio de amigos, Lisa, Dartanyon e Leroy, e vai incluir a cerimônia do pódio no final do longa metragem sobre a vida deles três. “Só não temos previsão de quando iremos lançá-lo”, avisou Lisa Fenn.
Veja fotos no link abaixo
Fonte: UOL/Daniel Brito | Fotos: Brownie Harris
http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/09/11/a-amizade-deles-viralizou-na-web-agora-celebram-juntos-o-podio-na-rio-16.htm
Trata-se de uma história que começou a se tornar pública quando a ESPN dos Estados Unidos produziu um mini-documentário falando da vida de Crockett em Akron, Ohio. E este vídeo viralizou na internet por volta de 2013.
Era mais ou menos assim: um jovem quase cego, filho de pai viciado em crack e órfão de mãe, faminto, pobre, negro, carregava, todos os dias, nas costas para o treino de wrestling (luta olímpica) o melhor amigo, igualmente faminto, pobre, negro, porém amputado das duas pernas após ser atropelado por um trem.
O cego é Crockett. O amputado, Leroy Sutton. O primeiro é afável e calmo. O segundo, agitado e ácido nos comentários. A história cativou Lisa Fenn, então produtora da ESPN americana.
Para filmá-los, ainda em 2009, Lisa teve que ir acompanhada da polícia, porque o bairro era (e ainda é) reduto de gangues. A jornalista acompanhou a rotina dos dois amigos por mais de seis meses. O documentário foi ao ar naquele mesmo ano. A vida seguiu.
Três anos mais tarde, Lisa decidiu largar a carreira de jornalista e se dedicar a “cuidar” dos dois amigos. Sentiu-se tão tocada com a situação da dupla que não conseguiu levar a vida adiante sem os dois. Passou a dar assistência diária a eles. Publicou um livro chamado “Carry On” (Continuar, na tradução livre), jamais publicado no Brasil. Conseguiu o apoio de empresários, amigos, familiares, desconhecidos. Tirou Crockett e Sutton da miséria e do bairro de gangues. Deu-lhes apoio para continuar no esporte.
Diretores da federação de judô dos Estados Unidos assistiram ao documentário da ESPN e foram ao encontro de Dartanyon Crockett. Convenceram-o a aderir ao esporte, que faz parte do programa paraolímpico para atletas cegos e com baixa visão, diferentemente dos amputados, que é o caso de Leroy Sutton.
Crockett aceitou a mudança e obteve sucesso. Classificou-se para os Jogos Paraolímpicos de Londres-2012. Conseguiu o bronze após cair na semifinal para o britânico Samuel Ingram. Quatro anos mais tarde, os dois judocas voltaram a se enfrentar. Desta vez, no Rio-2016, na disputa pela medalha de bronze.
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Lisa Fenn e Leroy Sutton estavam em meio à torcida que lotou a Arena Carioca 3 no dia 10.set.2016. Crockett passara os últimos quatro anos no embalo do sucesso do documentário viralizado, porém com dificuldades de obter grandes resultados no judô. Sofreu diversas lesões e teve dificuldades para se classificar para a Rio-2016. Chegando nas Paraolímpiadas, caiu na semifinal para o georgiano que viria a ser o medalhista de ouro.
O destino o colocou de novo frente à frente com Samuel Ingram, o britânico de quem perdera na semifinal em Londres-2012. Foi uma luta truncada e difícil, decidida nos segundos finais. Crockett tem apenas 1,73m de altura, quase 10cm a menos que Ingram. A vitória veio nos segundos finais, com a pontuação mínima. Ele explodiu de alegria no tatâmi.
“Sinceramente, não acreditava que ele pudesse chegar tão longe. Foi um ciclo paraolímpico muito difícil para ele desde Londres-2012”, disse Lisa Fenn ao UOL Esporte, com os olhos cheios de lágrimas. “Irmão, sendo honesto, eu achei que ele poderia ser melhor. Mas tudo bem, pelo menos chegou ao pódio”, completou Leroy Sutton, com seu humor ácido, um dos traços marcantes do documentário de Lisa Fenn à ESPN.
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