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Os espíritos em prisão
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Os espíritos em prisão
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo” 1 Pedro 3:18-21
Jesus foi gerado do Espírito Santo, a santa semente de Deus, foi colocada num corpo de carne e sangue, para pelo seu sacrifício padecer pelos pecados, ele por nós, não uma troca qualquer, um resgate de alto valor.
E quanto aos espíritos do passado? Os antediluvianos (que existia antes do dilúvio)?
Moody (intérprete da Escritura) afirma que é uma interpretação obscura, alguns mestres defendem que Jesus desceu ao Hades e "proclamou a estes espíritos em prisão no Hades o começo de uma nova época de graça" (J. P. Lange), um tipo de segunda oportunidade, que arrisca uma questão difícil, haja vista que outros mestres preferem acreditar que a pregação de Jesus no Hades foi condenatória. No mesmo comentário Moody expõe a explicação de John Owen, que cita o entendimento dotado por Beza, Doddridge, Macknight, e Scott (teólogos), de que o tempo de ação era no ministério de Noé, quando Cristo pelo Espírito ("no qual") pregou através de Noé aos ímpios que, no tempo em que Pedro escreveu a carta, eram espíritos no Hades, e tudo isso aconteceu enquanto a longanimidade de Deus retardou o dilúvio.
Gordon Lyons no seu comentário, diz que a pregação de Jesus ao espíritos em prisão que viveram nos dias Noé, coloca-os agora aprisionados pelo julgamento e sentença de Deus. Toda a perversidade, violência e corrupção durante a construção da arca, mediante a paciência de Deus, a falha na busca de refúgio, foi o resultado de perecerem nas águas, Cristo proclamou a eles sua vitória.
“Essa foi uma mensagem de vitória sobre Satanás, o pecado, a morte, o inferno e a sepultura. Essa própria vitória, contudo, selou eternamente a condenação final dessas almas rebeldes e incrédulas. Ela tornou certa a condenação eterna delas no inferno (Cf. 2 Pedro 2:9).” (Gordon Lyons)
John Piper escreveu que há duas passagens no Novo Testamento, que pareceriam indicar que Cristo desceu ao inferno, uma delas estamos examinando, das pessoas que morreram nos dias de Noé, que estando em prisão Cristo foi pregar a eles. Ele acredita que o Espírito de Cristo pregou a eles através da pregação de Noé, “e agora eles estão em prisão”, não existindo nenhuma base textual para crer que Cristo desceu ao inferno.
A possível descida de Cristo ao inferno, despertou inúmeras interpretações, daqueles que são considerados “feras” da Escrituras. Ela consta no Credo dos apóstolos, Credo de Atanásio e como parte de uma doutrina da teologia cristã. Foi ensinada pelos teólogos do cristianismo primitivo como Clemente de Alexandria e Agostinho, aparecendo em diversas obras: “ "Homilia sobre a Paixão" de Melito de Sardis († ca. 180); "Um Tratado sobre a Alma", 55, de Tertuliano († ca. 220); "Tratado sobre Cristo e o Anticristo" de Hipólito († ca. 236); "Contra Celso", 2:43, de Orígenes († ca. 253) e , finalmente, os sermões de Ambrósio de Milão († ca. 397) “ (Fonte: Wikipedia).
Católicos, ortodoxos, luteranos, calvinistas, espíritas, teólogos protestantes têm suas próprias interpretações. Um texto do Centro de pesquisas Ellen G. White, rejeita a teoria de que Jesus após sua ressurreição foi pregar aos anjos maus desobedientes, pois contraria o ensino bíblico de que ““aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9:27); e de que os mortos permanecem inconscientes na sepultura até o dia da ressurreição (ver Jó 14:10-12; Sl 146:4; Ec 9:5, 10; I Co 15:16-18; I Ts 4:13-15).
Que necessidade havia de Cristo pregar aos mortos?
No mesmo texto conclui-se, que a pregação de Cristo “foi efetivada através de Noé “divinamente instruído” por Deus (Hb 11:7) e qualificado pelo próprio apóstolo Pedro como “pregador da justiça” para os seus contemporâneos (II Pe 2:5), o autor da carta estaria apenas fazendo uma analogia.
O que a fé reformada aceita?
De maneira diferente do Catecismo de Heidelberg, o Catecismo de Westminster interpreta o Hades como sendo sepultura ou, ainda melhor, o estado de morte. Contudo, entre os escritores reformados prevalece a idéia dos símbolos combinados. A significação de Hades, no Credo Apostólico, é a de que Jesus Cristo experimentou a condenação divina que se evidencia na humilhação de morrer e ser sepultado, ficando sob o poder da morte, mas tais escritores incluem, sobretudo, os seus sofrimentos agonizantes antes e durante o tempo que passou na cruz. Experimentar o inferno é experimentar o doloroso abandono da presença confortadora de Deus. Foi exatamente isso que Cristo experimentou. A ira de Deus desceu sobre o Filho encarnado e se manifestou não somente nas dores infernais do seu corpo, mas também nas angústias infernais que se apoderaram de sua alma. Portanto, Jesus nunca desceu ao Hades literal e espacialmente, mas experimentou intensivamente todas as coisas que o Hades representa, descritas acima. Ele experimentou o inferno antes da morte e na própria morte, mas nunca depois dela, numa viagem de final-de-semana a um lugar chamado Hades. Por causa da experiência infernal que Cristo teve em face do juízo divino, aqueles por quem ele morreu são libertos para sempre da condenação do inferno. É esse o sentido que os reformados dão para a frase descendit ad inferna. Nessa obra libertadora de Jesus Cristo nos regozijamos e por ela a Deus bendizemos! (Heber Carlos Campos)
Crer ou não crer que Jesus pregou aos espíritos em prisão? Qual é a melhor interpretação sobre o assunto?
A longanimidade de Deus não esperou somente nos tempos de Noé, na carta destinada a Tito, o apóstolo Paulo inspirado, deixa claro que ela também apareceu a nós, os injustos que foram aceitos pelo sacrifício de um justo, fazendo herdeiros os que antes eram desgraçados por toda a vida (Tito 3:4-7).
A paciência do Senhor! Sejamos diante do Senhor vasos de misericórdia, porque os vasos de ira conhecerão a perdição (Romanos 9:22).
Deus concedeu o justo pelos injustos, como nos dias de Noé, poucos são os que escolhem a porta estreita, como também “muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mateus 22:14 ). Cristo morreu de consciência limpa, aos perseverantes basta seguir seu exemplo, tendo a certeza de que como a arca repousou depois do dilúvio, com seus membros totalmente salvos, aqueles que embarcaram com Cristo não temem cousa alguma, pois com ele estamos livres do inferno.
Eldier Khristos- Membro
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Data de inscrição : 10/07/2010
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