Não grite, não pule, não bata na tribuna, não bata na Bíblia, não bata palmas, não passe do horário

A foto ao lado (acima) tem circulado na internet. E, por onde passa, tem sido motivo de polêmica.

Há tempos estamos sendo doutrinados que os exageros precisam ser contidos para não darmos impressão de que somos desordeiros.

Muitos pregadores considerados como abençoados, revestidos, ungidos, estão sendo ensinados - os mais rebeldes são até afastados - a pararem com certos comportamentos nos cultos.

Entre os membros então, é fato que cada vez mais é desestimulado as manifestações exóticas como pulos, tapas, sapateados, rodopios, gritos, murros nos bancos, abraços etc...

Dizem os ministros que isso tudo é novidade. Bem, há controvérsias, meu pai com seus 60 anos de caminho. Crente desde que nasceu, conta que seu tio, pregador nas décadas de 60/70 recheava suas pregações com pulos.

Já meu sogro, diz que virtude no pregador sempre foi motivo para ser apresentado para o ministério, e que os anciães que conheceu na juventude, há cerca de 30 anos sempre foram 'virtuosos', alguns hoje até são do Brás, mas que o povo sempre se comportou nos cultos e reuniões.

Mas o que nos diz a imagem?

Ora, com um recado explícito deste fica difícil o pregador que quer sair do lugar comum, querer dar sua impressão pessoal ao culto. Sua performance não terá condições de acontecer.

Mas este recado no ensina algo?

Definitivamente! Afinal, o espírito do profeta está sujeito ao profeta. Dizer que "sentido a presença de Deus" a pessoa fica inconsciente não condiz com a doutrina bíblica.

Se a missão do pregador for expor a mensagem da Palavra, sem se importar com o comportamento do povo não haveria necessidade deste recado.

Infelizmente muitos pregadores, e membros em geral, utilizam como referência de um bom culto, a manifestação do povo em detrimento de uma pregação clara, fundamentada biblicamente e expositiva. Muitos até as evitam. Chamando os pregadores de frios e carnais.

Lembro de ter ouvido um relato de que um ancião da região de Catanduva, um dos mais velhos, numa reunião da mocidade, começou a pregar bem baixinho e então começou a pular e a gritar, sem falar nada com nada, e a mocidade começou a manifestar junto. Ele parou e disse que ninguém estava entendendo nada e que era só dar uns pulinhos e uns gritos que a mocidade já começava a manifestar, ensinou que a Palavra precisa ser ouvida com a razão e não com a emoção.

O pregador que recorre aos comportamentos descritos na foto, dificilmente será um pregador com conteúdo bíblico. Deverá ser um pregador de promessas e adivinhações. A mensagem da Cruz deve passar longe desta tribuna.

Não é com pulos, gritos, tapas etc que se leva um povo ao arrependimento e ao Evangelho, que deveria ser o alvo de todo o pregador.

Uma coisa é um pregador com eloquência - que muitas vezes foi confundida com gritaria - que passa virtude ao povo, simplesmente pela explicação da Palavra.

Lembro de que visitando uma denominação na minha cidade, tinha uma mensagem ao pregador também, mas ficava no parapeito da galeria, de frente para o púlpito, dizia: "pregador, queremos ver Jesus". Ou seja, deixe sua apresentação para outro lugar, ai queremos saber só d´Ele.

É o que com outras palavras diz a imagem.

Paz, Mateus,

Verdade!

Tenho um pensamento particular sobre a questão, vou-me utilizar das palavras do apóstolo Paulo direcionadas à Corinto:

"Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus. " 1 Coríntios 2:1-5

Não estou contra o fervor, mas contra a confusão do que é virtude, mas algumas coisas são necessárias serem acrescentadas a fé, como um dia falou Pedro aconselhando à igreja:

"Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, àqueles que, mediante a justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, receberam conosco uma fé igualmente valiosa: Graça e paz lhes sejam multiplicadas, pelo pleno conhecimento de Deus e de Jesus, o nosso Senhor. Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Por intermédio destas ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça. Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados." 2 Pedro 1:1-9

A ação do poder de Deus é citada pelos dois apóstolos do Senhor.

Paulo humildemente não tinha posse da fé da igreja, e Pedro aconselhou um acréscimo (a fé) de outros sentimentos espirituais advindos do Espírito Santo.

Jesus Cristo era a principal mensagem dos dois.

Somente o poder de Deus faz à igreja crescer.

Esse poder impede a ação do homem cego pelo seu próprio poder.

Nem mesmo para Paulo a eloquência funcionou, para ele somente a voz de Jesus funcionou. Já para pedro somente a fé valiosa em Cristo, concedida através do poder de Deus era o fundamento da vida, da piedade. Em tudo isso o pleno conhecimento divino era essencial, para os participantes dessa eterna (e terna) natureza, era (e continua) sendo a verdadeira representação da glória e virtude que procedem de Deus.

Graça e paz.