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Telhada: um irmão com fama de mau dá adeus a ROTA
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Telhada: um irmão com fama de mau dá adeus a ROTA
Pela primeira vez em 33 anos de profissão, o tenente-coronel Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada, atual comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), se vê de mãos atadas diante de um “inimigo” prestes a nocauteá-lo: a aposentadoria compulsória. “Estou me sentindo um condenado a caminho do corredor da morte. Conto os dias, as horas e os minutos que faltam”, diz.
Um dos mais polêmicos oficiais da Polícia Militar de São Paulo devido à fama de matador de bandidos conquistada na década de 1980, quando ainda era tenente na Rota – a tropa de elite mais cobiçada da PM –, Telhada e outros 46 tenentes-coronéis foram atingidos pela Lei Complementar 1.150, de 20 de outubro de 2011, que obriga todo oficial com mais de 30 anos de serviço e cinco anos no mesmo posto a passar para a reserva. Eles têm até o próximo dia 20 para sair.
“Quando me perguntam a razão de passar para a reserva com apenas 50 anos de idade, digo que não sou eu quem está se aposentando, mas eles que me aposentaram”, lamenta.
Ele nem saiu da Rota e já está recebendo propostas de trabalho, inclusive para entrar na política. “Ainda não sei o que vou fazer porque sinto um grande vazio dentro de mim. Fui pego de surpresa, não tive tempo de me preparar.”
Telhada perdeu a conta de quantos bandidos matou ao longo da carreira. Contudo, lembra-se que o último foi em 28 de julho de 2008, dez meses antes de assumir a chefia da Rota (em 7 de maio de 2009). “O número choca. Eu não posso falar. Só sei que, em um ano qualquer foram 13”, diz. Ele garante que matar é coisa do passado. “Hoje só tenho fama de homem mau. Eu sou um paizão para os meus soldados”, diz.
Herói de cabelos brancos
O comandante não é do tipo de ficar na mesa esperando as coisas acontecerem. Ele prefere ir a campo com a tropa enfrentar o criminoso. “Eu adoro a rua. Um comandante não pode se esconder no gabinete e mandar o soldado tomar tiro. A tropa tem de respeitar você pelo exemplo, saber que você é da pegada.”
Casado com a civil Ivania desde 18 de maio de 1985, tem dois filhos: Paulo Henrique, tenente da Rocam, e Juliana, estudante de direito, que sonha ser delegada federal. Na vida doméstica, ele é o inverso da atividade profissional. “Eu gosto de rock e cinema. Sou um cara família, não bebo, não fumo e há 39 anos toco clarinete na igreja”, afirma.
Em sua mesa de trabalho Telhada mantém, em meio a uma série de troféus e lembranças de carreira, uma estátua do Superman envelhecido. “Ganhei dos meus filhos quando fiz 45 anos. É o meu o ídolo, me identifico com ele”, diz. E explica: “Na PM sou o Telhada, oficial linha-dura, temido e na vida civil me chamam de Paulinho da Congregação (Cristã do Brasil)”.
Telhada prepara para dezembro o lançamento de um livro sobre os 120 anos da Rota, que levou cinco anos escrevendo. Ele esperava lançá-lo ainda como comandante. “Não deu, faz parte. Comigo ou sem, a Rota continuará do mesmo jeito.”
Entrevista:
Tenente-coronel Paulo Telhada_ Comandante da Rota
‘PM não pode alisar cabeça de bandido’
Por que o senhor é uma pessoa tão polêmica?
Talvez em razão de eu ser uma espécie de porta-voz da sociedade, de falar coisas que a maioria das pessoas não tem coragem. Quem não me conhece acha que sou um louco igual aqueles veteranos de guerra. Muita gente tem medo de mim, mas é só estereótipo que criam.
Não é a fama de matador?
Eu participei de muitas ocorrências de resistência. Aliás, sou o único tenente-coronel que tem em sua ficha uma resistência e fui o primeiro capitão a ir para o Proar (programa da PM já extinto para reabilitar policiais envolvidos em ocorrência que resultam em morte). Meu salário é o mais baixo no meu posto porque não me deixam fazer curso para chegar a coronel. Sempre sou reprovado e o critério é o “Q.I.” (quem indica). Também sou o único tenente-coronel que passou um dia preso no quartel por questões administrativas.
O senhor já passou por muitas unidades na PM, por quê?
Sou um dos oficiais que mais foi transferido. Eu já passei por 28 unidades. Houve uma época que cheguei a ser considerada pessoa non grata e o crime organizado cresceu, culminando com aquela desgraça de 2005, quando muitos policiais foram mortos. Aí, o estado acordou e percebeu que a PM não pode ser trouxa, não pode alisar a cabeça de bandido.
Como o senhor retornou à Rota como comandante?
Eu trabalhei com o coronel Álvaro Camilo na área central e fomos contemporâneos na Academia do Barro Branco. Se não fosse por ele e pelo secretário da Segurança (Antônio Ferreira Pinto) jamais voltaria. Eu nem sonhava com isso.
Quem o convidou?
O secretário me chamou para almoçar e perguntou se eu queria comandar a Rota. Fiquei surpreso e perguntei se ele tinha certeza que era isso mesmo que queria e se sabia quem sou eu, se conhecia toda a minha história. Ele falou que sim e argumentou que a minha postura ia melhorar o comando ou acabar de vez com ele. Ele me disse que queria colocar a Rota em um patamar que nunca deveria ter saído.
E agora o senhor sai...
Se Deus está me tirando agora é porque tem de ser assim. Com destino a gente não luta, acata.
O senhor já foi baleado?
Três vezes. A primeira em 17 de agosto de 1990, outra em 12 de março de 1995 e no ano passado, quando levei 11 tiros na porta de casa. Os criminosos logo foram identificados. Infelizmente, um deles resistiu.
Onde o senhor está sempre tem caso de repercussão...
É incrível isso. A coisa parece que acontece comigo. Eu saio e pronto. Eu pareço até para-raios. Uma vez o ex-governador Paulo Maluf deu um trote na PM, tentando mostrar que ela não funcionava, e deu de cara comigo três minutos depois. Por pouco não o prendi.
Fonte: D.S.Paulo.
Um dos mais polêmicos oficiais da Polícia Militar de São Paulo devido à fama de matador de bandidos conquistada na década de 1980, quando ainda era tenente na Rota – a tropa de elite mais cobiçada da PM –, Telhada e outros 46 tenentes-coronéis foram atingidos pela Lei Complementar 1.150, de 20 de outubro de 2011, que obriga todo oficial com mais de 30 anos de serviço e cinco anos no mesmo posto a passar para a reserva. Eles têm até o próximo dia 20 para sair.
“Quando me perguntam a razão de passar para a reserva com apenas 50 anos de idade, digo que não sou eu quem está se aposentando, mas eles que me aposentaram”, lamenta.
Ele nem saiu da Rota e já está recebendo propostas de trabalho, inclusive para entrar na política. “Ainda não sei o que vou fazer porque sinto um grande vazio dentro de mim. Fui pego de surpresa, não tive tempo de me preparar.”
Telhada perdeu a conta de quantos bandidos matou ao longo da carreira. Contudo, lembra-se que o último foi em 28 de julho de 2008, dez meses antes de assumir a chefia da Rota (em 7 de maio de 2009). “O número choca. Eu não posso falar. Só sei que, em um ano qualquer foram 13”, diz. Ele garante que matar é coisa do passado. “Hoje só tenho fama de homem mau. Eu sou um paizão para os meus soldados”, diz.
Herói de cabelos brancos
O comandante não é do tipo de ficar na mesa esperando as coisas acontecerem. Ele prefere ir a campo com a tropa enfrentar o criminoso. “Eu adoro a rua. Um comandante não pode se esconder no gabinete e mandar o soldado tomar tiro. A tropa tem de respeitar você pelo exemplo, saber que você é da pegada.”
Casado com a civil Ivania desde 18 de maio de 1985, tem dois filhos: Paulo Henrique, tenente da Rocam, e Juliana, estudante de direito, que sonha ser delegada federal. Na vida doméstica, ele é o inverso da atividade profissional. “Eu gosto de rock e cinema. Sou um cara família, não bebo, não fumo e há 39 anos toco clarinete na igreja”, afirma.
Em sua mesa de trabalho Telhada mantém, em meio a uma série de troféus e lembranças de carreira, uma estátua do Superman envelhecido. “Ganhei dos meus filhos quando fiz 45 anos. É o meu o ídolo, me identifico com ele”, diz. E explica: “Na PM sou o Telhada, oficial linha-dura, temido e na vida civil me chamam de Paulinho da Congregação (Cristã do Brasil)”.
Telhada prepara para dezembro o lançamento de um livro sobre os 120 anos da Rota, que levou cinco anos escrevendo. Ele esperava lançá-lo ainda como comandante. “Não deu, faz parte. Comigo ou sem, a Rota continuará do mesmo jeito.”
Entrevista:
Tenente-coronel Paulo Telhada_ Comandante da Rota
‘PM não pode alisar cabeça de bandido’
Por que o senhor é uma pessoa tão polêmica?
Talvez em razão de eu ser uma espécie de porta-voz da sociedade, de falar coisas que a maioria das pessoas não tem coragem. Quem não me conhece acha que sou um louco igual aqueles veteranos de guerra. Muita gente tem medo de mim, mas é só estereótipo que criam.
Não é a fama de matador?
Eu participei de muitas ocorrências de resistência. Aliás, sou o único tenente-coronel que tem em sua ficha uma resistência e fui o primeiro capitão a ir para o Proar (programa da PM já extinto para reabilitar policiais envolvidos em ocorrência que resultam em morte). Meu salário é o mais baixo no meu posto porque não me deixam fazer curso para chegar a coronel. Sempre sou reprovado e o critério é o “Q.I.” (quem indica). Também sou o único tenente-coronel que passou um dia preso no quartel por questões administrativas.
O senhor já passou por muitas unidades na PM, por quê?
Sou um dos oficiais que mais foi transferido. Eu já passei por 28 unidades. Houve uma época que cheguei a ser considerada pessoa non grata e o crime organizado cresceu, culminando com aquela desgraça de 2005, quando muitos policiais foram mortos. Aí, o estado acordou e percebeu que a PM não pode ser trouxa, não pode alisar a cabeça de bandido.
Como o senhor retornou à Rota como comandante?
Eu trabalhei com o coronel Álvaro Camilo na área central e fomos contemporâneos na Academia do Barro Branco. Se não fosse por ele e pelo secretário da Segurança (Antônio Ferreira Pinto) jamais voltaria. Eu nem sonhava com isso.
Quem o convidou?
O secretário me chamou para almoçar e perguntou se eu queria comandar a Rota. Fiquei surpreso e perguntei se ele tinha certeza que era isso mesmo que queria e se sabia quem sou eu, se conhecia toda a minha história. Ele falou que sim e argumentou que a minha postura ia melhorar o comando ou acabar de vez com ele. Ele me disse que queria colocar a Rota em um patamar que nunca deveria ter saído.
E agora o senhor sai...
Se Deus está me tirando agora é porque tem de ser assim. Com destino a gente não luta, acata.
O senhor já foi baleado?
Três vezes. A primeira em 17 de agosto de 1990, outra em 12 de março de 1995 e no ano passado, quando levei 11 tiros na porta de casa. Os criminosos logo foram identificados. Infelizmente, um deles resistiu.
Onde o senhor está sempre tem caso de repercussão...
É incrível isso. A coisa parece que acontece comigo. Eu saio e pronto. Eu pareço até para-raios. Uma vez o ex-governador Paulo Maluf deu um trote na PM, tentando mostrar que ela não funcionava, e deu de cara comigo três minutos depois. Por pouco não o prendi.
Fonte: D.S.Paulo.
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